Crítica: Shin-Chan: Shiro of Coal Town

Por Jean Kei

Nota: 8

Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge

Shin-Chan: Shiro of Coal Town é o segundo jogo da franquia feito pela Neos Corporation, sendo o primeiro título Shin-chan: Me and the Professor on Summer Vacation. O primeiro jogo foi  escrito por Kaz Ayabe, diretor de Boku no Natsuyasumi. Ayabe é claramente um homem apaixonado pela ideia da infância e como a beleza cotidiana pode ser algo transformador. Digo isso porque quase toda sua carreira em videogames está ligada a este tema, seja com o já mencionado Boku no Natsuyasumi ou com suas variantes espirituais, como Attack of Friday Monsters.

Nesse contexto, a ideia de um jogo com a energia de “Bokunatsu” usando a franquia  Crayon Shin-chan, uma série protagonizada por um menino de cinco anos e que fez parte da infância de muita gente parece encaixar perfeitamente com o tema. No jogo do Shin-Chan, ele passa por um verão transformador nas férias, tal qual os jogos de Bokunatsu, mas de forma mais mágica. Aqui ele pega uma liberdade parecida com a dos filmes da série, colocando elementos de realismo mágico e colocando situações mais absurdas e mágicas pro garoto de cinco anos lidar.

Mas afinal, o que é Shin-chan?

Crayon Shin-chan é um mangá de comédia de 1990 sobre o menino de cinco Shinnosuke Nohara e sua família. A comédia no mangá e no anime se faz muito na base de uma criança levada deixando adultos ao redor desconfortáveis com piadinhas absurdas, algumas com conotação sexual ou só criança sem tato mesmo. Uma das características mais icônicas do Shin-Chan é sua dança mostrando a bunda em público. Apesar de toda parte absurda, escrachada e as vezes duvidosa, Crayon Shin-Chan também é muito sobre família e amigos.

Não é incomum capítulos ou episódios surpreendentemente sensíveis com temas cotidianos. Shinnosuke é uma criança pirracenta que tira adultos do sério, mas ele é profundamente amado. Esse aspecto mais sensível que aparecia nessa franquia de mais de 30 anos é o foco dos jogos da Neos Corporation.

Enfim, do que se trata Shiro and the Coal Town?

No segundo jogo, o pai de Shinnosuke vai a trabalho para uma cidade pequena do interior onde cresceu e decide levar sua família. Shin-Chan então pode passar suas férias de verão explorando a cidade rural e brincar com seus avós todos os dias, que moram ali. No comecinho do jogo você logo aprende a caçar insetos com seu avô e conhece algumas pessoas daquela cidade. Eventualmente, seu cachorro Shiro aparece cheio de fuligem, Shin-Chan então seguindo o cão se depara com uma cidade mineradora que tem uma estética muito diferente da realidade do qual ele vive.

Curiosamente, só Shinnosuke vê a cidade e quando volta dela ele se vê dormindo no quintal da casa. Há evidências de que a cidade de carvão não é apenas um sonho? Sim, mas o jogo gosta de deixar o protagonista numa situação que só ele (e talvez outras crianças) vivenciem e aquela linha de “o quanto isso é real e o quanto isso é a imaginação infantil?”

Na prática o jogo tem duas cidades: O vilarejo de Akita e a cidade de carvão. Em ambas você vai realizar atividades diferentes, interagir com os moradores e ter aventuras.

Akita é a parte mundana do jogo, aonde você pesca, caça insetos, supera desafio de outras crianças e vê o cotidiano das pessoas. A cidade de carvão tem coisinhas cotidianas também, mas lá Shinnosuke é o herói que vai salvar a cidade ajudando uma cientista com invenções, ajudando num restaurante e fazendo corrida com carro de mineração.

Equilíbrio de conteúdo

Tudo nesse jogo é na medida. Ele tem um equilíbrio legal entre o que fazer em ambos os ambientes e apesar de ter bastante coisinha opcional, como completar o catalogo de insetos, peixes e plantações, nada disso está em quantidades absurdas. Quando terminei o jogo com umas 16 horas, vi que tinha feito quase tudo que o jogo me ofereceu e sai dele antes de começar a sentir a repetição. Dito isso, não venha aqui esperando variedades ou segmentos de ação implementados de alguma forma. O jogo é simples e bucólico na maioria das coisas que faz. Talvez o minigame de corrida seja uma exceção, já que ele tem suas complexidades de customização e precisa de reflexos para se sair bem.

A diversão desse jogo está concentrada no ato de conhecer as cidades, seus moradores e ver o desenrolar da história com isso. 

Narrativa divertida

O plot desse jogo é simples e divertido, ele até tem algumas piadinhas de conotação sexual aqui e ali mas é bem leve. O humor mais recorrente aqui é o fato de Shin-Chan não ser plenamente alfabetizado e confundir palavras e termos. O texto em inglês adapta bem algumas piadas. Claro, algumas coisas da pra perceber que foram um pouco perdidas em tradução, mas nada comprometedor.

A narrativa do jogo também é dividida em duas. Em Akita ela é focada na pesquisa do seu pai relacionada a alimentação e como um mochileiro que tem um foodtruck de curry vai ajuda-lo. Na cidade carvão a história se centra na comunidade procurando se revitalizar para a cidade não morrer, e Shin-Chan será uma peça chave para salvar a cidade e seu povo.

Não é um jogo para qualquer um, mas você provavelmente já sabe se o quer.

Shiro and the Coal Town é bem direto ao ponto no que e propõe: Um jogo Slice of Life com vibe de um filme de uma franquia episódica. Ele é um jogo com arte muito bonita e bastante contemplativo, o tempo todo ele vai te mostrar cenários bonitos e ao mesmo tempo que vai te colocar numa aventura, ele quer te fazer se sentir acolhido o tempo todo. Eu amo jogar esse tipo de jogo e o fato de não ser muito longo torna tudo mais fluído e gostoso. Entendo que existem algumas pessoas que vão passar o olho em tudo que escrevi e pensar “parece chato”, mas pra quem não é intolerante a esse tipo de experiência potencialmente encontrará algo muito valioso aqui.

Talvez a minha única crítica real mesma seja de que, se você conhece esse tipo de jogo feito por gente ao redor do Kaz Ayabe, não vai encontrar nada tão único aqui. Dito isso, as vezes você não precisa inovar, só polir o que já era legal.

Ah, e pra correr no jogo o Shin -Chan rebola a bunda pra tela, informação muito importante.

Nome do jogo:

Shin-Chan: Shiro of Coal Town

Publisher:

Neos Corporation

Desenvolvedora:

h.a.n.d.

Plataformas Disponíveis:

PC, Nintendo Switch

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