Crítica: Steel Assault – gostinho de videogame na TV da avó

Escrito por Arthur Tayt-Sohn
Crítica

Steel Assault é um jogo que vai direto ao ponto. Sem perder muito tempo com explicações, é como entrar em um bom e velho fliperama, inserir sua ficha e jogar. Mas claro, sem sugar todos os trocados das compras de mercado que sua mãe pediu.

Indo direto ao ponto

Sem muitas delongas, o jogo apresenta na sua tela o modo história, modo arcade, tutorial e opções. E é importante fazer o tutorial, já que não há nenhuma explicação de como jogar durante os modos história ou arcade.

E assim como o restante do jogo, o tutorial é bem curto e intuitivo, levando cerca de dois ou três minutos para ser concluído. Após isso, você recebe uma mensagem de boa sorte, um tapinha nas costas e parte pra ação.

No modo história, você recebe o objetivo de sua missão: derrotar o general Magnus Pierce, que governa com mãos de ferro em um Estados Unidos pós-apocalíptico. Para isso você irá controlar o soldado Taro Takahashi, que possui pendências pessoais com o ditador.

Após isso, você irá basicamente passar por algumas fases bem no estilo arcade, se inspirando em clássicos como Mega Man, Sunset Riders e Contra, e sim, estou entregando minha idade citando esses jogos.

Os cenários seguem o padrão desses jogos, sendo lotadas de inimigos, segmentos de plataforma, alguns subchefes e um chefe principal. Entre uma fase e outra, acontecem pequenos diálogos atualizando você sobre o andamento da missão, qual será seu próximo objetivo, etc. Diferente de Mega Man, o jogo segue em um padrão linear, uma fase após a outra.

O jogo conta com uma boa variedade de inimigos e padrões de ataque. Em alguns momentos a tela fica bem cheia de projéteis, oferecendo um certo grau de dificuldade. O modo difícil na campanha deixa o jogo mais punitivo, aumentando o dano dos ataques e diminuindo a cura e os checkpoints das fases.

As batalhas com os chefes têm uma dificuldade satisfatória, mas um pouco inconsistente. Um dos chefes iniciais foi o que me tomou mais tempo, porque um ataque específico dele só possuía uma única chance de desviar e tirava metade da minha vida se eu falhasse. Outro mais pra frente foi ridiculamente fácil.

Para combater esses inimigos, você conta com um tipo de chicote elétrico e uma tirolesa, que será usada nos segmentos de plataforma e em alguns chefes. Você pode prender essa ferramenta em superfícies verticais, horizontais e na diagonais, podendo se locomover e realizar saltos mais altos, além de se proteger de ataques inimigos que tomam todo o chão, como fogo por exemplo.

É uma mecânica interessante e que dá algum diferencial no jogo, já que fora isso ele é bem limitado. Os power ups são basicamente um escudo e uma variação do chicote que acrescenta projéteis elétricos de longa distância, além de um item que recarrega sua vida.

A limitação acaba não sendo maior porque o jogo é bem curto. Eu terminei a campanha em cerca de uma hora e alguns minutos, o que pode até ser um risco para os desenvolvedores na Steam, que permite que jogos sejam reembolsados antes de completar duas horas de gameplay.

Mas longe de ser um problema, eu acredito que os jogos devem durar o quanto os desenvolvedores acreditam que seja o necessário para mostrar seu trabalho, passar sua mensagem ou simplesmente divertir os jogadores. Mas visto que atualmente no Brasil os preços dos jogos estão complicados, é importante alertar sobre a duração do jogo.

Para os jogadores mais experientes, e exigentes, o jogo conta com um modo Arcade que como o nome sugere, imita os clássicos fliperamas. Morreu? Game Over. É um incentivo principalmente para os completistas e fissurados em conquistas. Além de só dar uma chance ao jogador, o modo Arcade também tem a dificuldade do modo Hard do jogo.

Visuais e sons

Uma coisa que me chamou atenção no jogo foi o seu estilo artístico, que teve uma escolha estética muito interessante. Ele faz bom uso das cores e possui algumas linhas que para alguns jogadores mais novos pode parecer estranho.

Essa escolha dos desenvolvedores foi uma forma de trazer uma experiência clássica ao jogo, visto que essa estética simula as antigas telas CRT, famosas nas antigas TV’s e arcades. Já reparou como alguns jogos antigos em pixel art parecem mais feios do que lembrávamos?

Isso ocorre porque de fato as pixel art eram limitadas e com isso os desenvolvedores utilizavam a incrível tecnologia CRT na época para suavizar os pixels e melhorar a qualidade das cores, sombras, etc. A página CRT Pixels no Twitter mostra excelentes exemplos de como isso funcionava.

Dessa forma, jogar Steel Assault é uma pequena amostra de como jogávamos videogames lá na década de 90 e início dos anos 2000. Para dar mais fidelidade a isso, o jogo não roda em tela cheia, sendo limitado à uma resolução 1280×960. O resto da tela é preenchida por uma borda preta ou com artes que podem ser liberadas durante o jogo.

Já os sons e trilha sonora receberam um tratamento mais modernizado, sendo de alta fidelidade e as músicas com instrumentos de verdade. Senti bastante inspiração nas trilhas sonoras da franquia Mega Man X, fazendo ótimo uso de guitarras e sintetizadores, como a Capcom usou bastante nesses jogos.

Os efeitos sonoros de Taro e dos inimigos seguem o mesmo padrão de qualidade, e tem aquela vibe de árcades incrível. Além de servirem também de avisos sonoros para determinados tipos de ataques dos inimigos, comuns em jogos desse estilo.

Steel Assault é um show de nostalgia no que diz respeito aos seus visuais e sons, prestando tributo aos clássicos que jogamos em nossa infância e adolescência. Eu gostaria de ter aproveitado mais tempo desse suco nostálgico, mas a duração curta do jogo acabou cortando essa onda.

Um gostinho de quero mais

Após minha curta experiência com o jogo, posso dizer que me diverti jogando ele, mas queria ter aproveitado mais. Entendo e respeito a decisão dos desenvolvedores de terem feito o jogo com essa duração, mas foi inevitável ficar com aquele gostinho de “poxa, mas já acabou?”.

Isso talvez seja resultado de um game design que não é tão injusto quanto eram os jogos antigamente, que precisavam ter uma vida útil maior ou eram feitos simplesmente pra te deixar mais pobre torrando grana em fichas.

Mas acaba que o jogo não explora todo seu potencial, já que poderia incluir mais armas, mais power ups, mais segmentos de plataforma que são bem interessantes por conta da tirolesa, etc.

De qualquer forma, foi uma boa experiência relembrar os tempos de arcade e ter um gostinho de como era jogar numa tela CRT novamente, sem ouvir minha avó me mandar desligar o console para não estragar a TV ou sem comprometer meu salário em fichas.

Nome do jogo:

Steel Assault

Publisher:

Tribute Games

Desenvolvedora:

Tribute Games

Plataformas Disponívies:

PC, Nintendo Switch

Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge