Crítica: Story of Seasons – A Wonderful Life

Escrito por Colaborador
Crítica
Review escrita pelo colaborador Vinicius Rosa
Confesso que fiquei bastante relutante em como começar esse texto, porque é sempre um grande desafio falar sobre um tipo de jogo do qual não tenho muita familiaridade.
 
Apesar de conhecer Harvest Moon, Stardew Valley e… Até a famigerada Fazendinha Feliz / Farmville, famosa entre o público da terceira idade frequentadora da redes sociais, esse tipo de jogo nunca teve muito apelo comigo porque eu sempre achei um tanto quanto monótono. “Ai que saco cuidar de vaca, galinha, plantação, e ainda saber das fofocas da cidade”. Bom, ai eu percebi que isso é meio que um resumo da vida adulta: trabalhar e elevar as relações com as fofocas quentes das redondezas.
 
É óbvio que Story of Seasons: A Wonderful Life, desenvolvido pela Marvelous Inc. e distribuído pela XSEED, é uma franquia já bem estabelecida dentro desse mundo dos “jogos de fazendinha”. E claro que essa premissa de cuidar do desenvolvimento da sua propriedade, seus animais, e ainda ter tempo para conferir as fofocas QUENTES da cidade não poderia faltar neste novo título.
 
Mas, o que será que tem de tão maravilhosa a vida no campo?! É o que você vai conferir nessa análise. Pegue suas sementes, sua enchada e regador, e vamos semear algumas coisas sobre esse game.
 

O agro é POP

 
Antes da aventura começar, propriamente dito, temos uma pequena introdução, falando que nosso personagem está em busca de uma vida mais tranquila e sossegada, longe da cidade grande. E pensando nisso, ele escolhe uma comunidade do interior, chamada Forgotten Valley, onde um amigo seu pai vive. Após essa introdução, somos levados ao modo de criação do personagem que pode ser um personagem do gênero masculino, feminino ou de gênero neutro.
 
Aqui temos algumas opções de cabelos, olhos, cor de pele e vestimentas. Nada muito variado. Uma coisa que eu senti falta foi mais formatos de corpo, na tentativa de reproduzir, de uma forma mesmo que cartunizada, quem está jogando.
 
Chegando em Forgotten Valley, somos recepcionados por esse antigo amigo da família, chamado Takahara. Ele irá dar as primeiras informações ao personagem de como gerir sua fazenda, cuidando da sua horta, tratando dos animais e perguntando como você quer chamar aquele local. Na minha jogatina, eu nomeei meu pequeno sítio de Atibaia (porque será?!).
 

Cocó, Giseldo e Twit aproveitando o sol do outono – Reprodução

Após isso, o jogo de fato começa. E uma coisa que já me chamou a atenção aqui é que ele é um game que apesar de ter um visual bonitinho, cartunizado – e que por vezes me lembrou os antigos Buddy Pokes do Orkut – e bastante colorido, ele não pega na sua mão. Ele deixa o jogador livre para explorar Forgotten Valley e ir descobrindo como conciliar o trabalho, as vendas dos produtos que você produz e o dinheiro para gerir a fazenda.
 
Há uma personagem que mora em uma fazenda ao lado e que comercializa sementes, que pode dar dicas valiosas de como plantar em cada estação do ano, para que você não perca sua produção. O jogo possui um ciclo de 10 dias para cada estação do ano, começando na primavera. Durante o dia, você tem uma rotina de trabalho e esse ciclo se repete, criando uma rotina.
 
Por vezes, eu pensei que estava fazendo isso errado, pois como disse no início, eu não tenho o hábito de jogar esse tipo de jogo, e estava um pouco incomodado com esse ciclo porque… Oras, isso é videogame! Eu quero coisas novas o tempo todo e avançar. Mas quando eu entendi que Story Of Seasons: A Wonderful Life é um jogo justamente sobre gerência e rotina, com uma progressão em um ritmo próprio, o jogo clicou pra mim.
 

O agro é Tech… Mas tem um preço!

 
Apesar de ter gostado bastante da experiência da rotina de gerir o sítio de Atibaia, confesso que tive alguns problemas. Não com cuidar dos bichos ou ter uma plantação de batatas arruinadas pela mudança da estação, mas com dinheiro! Ora, que jogo sobre fazendinha é esse que não oferece sequer um empréstimo para um fazendeiro começar a produção?!
 
Piadas à parte, dinheiro é uma coisa que vai te fazer falta por um tempo aqui. Até você entender o que fazer, você terá que recorrer a plantar, colher e vender sua produção aos moradores. Existem outros meios de conseguir dinheiro também, produzindo um leite de qualidade com sua (ou suas) vacas, com a lã das ovelhas, ovos das galinhas e claro, vendendo animais. Mas para além disso, pescar é uma alternativa (algo que eu perdi um bom tempo fazendo, tentando pegar peixes ainda maiores) e também colhendo flores e cogumelos.
 

“Mococa está bastante enérgica hoje”. Sim, de fato! – Reprodução.

Ainda assim, o preço dos upgrades na fazenda são bem caros e vão demandar tempo e paciência ao jogador, então tenha em mente o seguinte: Story of Seasons não é um jogo sobre ter pressa. Ele é justamente para te tirar da agitação da vida na cidade e pisar no freio. Ele é um game degustativo, para ser apreciado aos poucos.
 
Uma outra forma de conseguir um pouco mais de dinheiro é vendendo seus itens é com um vendedor que aparece esporadicamente na região central do local. Você pode vender até 10 itens por vez, e pode fazer uma boa quantia de dinheiro, tendo os itens certos.
 

A edificante vida em comunidade

 
Sobre os personagens, cada um deles é bastante único. Apesar do jogo ter pouca dublagem e ter os diálogos basicamente por texto (e aqui cabe uma crítica negativa, pois o jogo não possui localização para o português), é possível notar um pouco da personalidade de cada um.
 
Os hippies falam de um jeito, assim como os velhinhos tem outro linguajar. Os donos da estalagem possuem um sotaque acentuado, bem como o arqueólogo e sua assistente possuem uma linguagem mais formal. Cada um deles faz certas atividades durante o dia, mas não é nada incomum vê-los caminhando pela cidade, pensando um pouco mais sobre a vida pacata do interior.
 

Vesta é uma personagem fundamental para aprender sobre o plantio e a colheita. – Reprodução.

Uma das coisas mais interessantes no jogo é ver como alguns personagens relacionam entre si, e até mesmo como você estabelece relações mais próximas ou mais distantes. Existe um sistema de afinidade no jogo, em que mostra como vai indo sua relação com os demais moradores e isso pode acarretar em relações mais íntimas. Tudo vai depender da sua escolha inicial e é possível estabelecer romances e até ter filhos nesse processo, que vão crescer e enquanto você envelhece, acompanha esse processo todo, o que torna a experiência ainda mais envolvente.
 
Falo isso com convicção e com conhecimento de causa: morar no interior em uma comunidade pequena é legal por isso, por ter a oportunidade de acompanhar as mudanças de perto. E eu tenho certeza que se Story of Seasons: A Wonderful Life tivesse uma dublagem com o sotaque mineiro, não seria incomum poder dizer “Bão!”, “Aôba, fulano!”, “Jóia?!”, e por ai vai.
 

A vida pode ser maravilhosa (mas dá trabalho)

 
Em tempos em que alguns brigam por taxa de quadros, gráficos fotorrealistas e outros aspectos técnicos, Story of Seasons: A Wonderful Life mostra que a simplicidade e até mesmo a rotina podem ser divertidas e incentivar você a continuar. Tudo aqui no jogo é meio trivial e no início você pode pensar “mas que coisa chata, trabalhar no jogo… Eu já faço isso na vida real”. E eu não te julgo por isso.
 

“PESCA E COMPANHIIIIAAAAAAAAAAAA” – Reprodução.

Confesso que, assim como eu disse no início dessa análise, o jogo não me pegou de cara. Aos poucos eu fui me envolvendo por saber aonde essas histórias me levariam e acabei sendo sugado para um lugar de frescor, onde as coisas acontecem de forma leve (apesar do trabalho pesado). Hoje, eu tenho a minha fazendinha, meu bichinhos, e uma comunidade que me motiva a não desistir da minha produção de tomates, morangos, laranjas e maçãs.

Story of Seasons: A Wonderful Life me sacudiu um pouco e me mostrou que a vida pode ser sim mais leve e tranquila, mesmo que isso exija um trabalho mais pesado. Agora, peço licença a todos, pois preciso dar banho na Mimosa e milho pras galinhas, bão?!
Nome do jogo:

Story of Seasons - A Wonderful Life

Publisher:

XSEED

Desenvolvedora:

Marvelous Inc

Plataformas Disponívies:

PC, Playstation 5, Xbox Series S|X, Nintendo Switch

Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge