Super Mario Bros Wonder é o novo título 2D da franquia depois de onze anos. Pessoalmente, arrisco dizer que é o Mario 2D realmente bom em 33 anos. Depois de Super Mario World, os novos títulos 2D ficaram pra série New Super Mario Bros, e para ser bem honesto, minha relação com esses jogos variava entre achar legalzinho e ter preguiça completa. Por um bom tempo, a impressão é que a parte 2D de Mario ficou relegada a uma física estranha, e apesar de bons design de fases, ser a parte menos criativa da franquia. Porém, Super Mario Bros Wonder chegou para mostrar que os jogos 2D da série ainda tem muito espaço para brilhar.
Mario Wonder é o novo jogo da franquia Super Mario, seguindo no gênero de plataforma 2D mas com algumas coisas que o destaca de outros da mesma franquia.
Diferente dos outros jogos, este não se passa no reino dos cogumelos, mas sim no reino das flores. O jogo se aproveita muito do cenário ser em um reino diferente para dar a constante sensação de estar descobrindo algo novo.
O jogo é cheio de detalhes nos cenários, nos personagens, nos inimigos e nas expressões faciais. E o carro chefe dessa sensação de “descobrir algo incrível” está nas Wonder Flowers (flores fenomenais em português).
As Wonder Flowers são flores que, ao tocar nelas, mudam as regras do mundo do jogo. Tudo pode acontecer ao pegar uma flor fenomenal, desde o cenário mudar completamente, a gameplay do jogo se tornar um top down, criaturas começarem um coral. Existem muitas variedades de efeitos com as Wonder Flowers e elas são de grande contribuição pra variedade do jogo.
Por mais que a série New Super Mario Bros tenha boa fases e momentos, eu raramente terminava um jogo da série por sempre me entediar relativamente rápido. Mesmo com certas variações nas fases, eu sentia uma repetição chata que me incomodava. E definitivamente Super Mario Bros Wonder é o total oposto disso. Há fases focadas nos efeitos das Wonder Flowers, fases com desafios de habilidades específicas, fases com cenários diferentes. Durante todo o jogo eu nunca senti estar fazendo as mesmas coisas, todas as fases tem algum elemento único. Todos os mundos tem elementos novos e únicos.
A variedade não fica limitada apenas dentro das fases, no world map temos segredinhos, que por mais simples que sejam e por mais que poderiam ter mais, sempre me divertia descobrir fases novas dentro do world map. Ele é um daqueles jogos que me fazem pensar “vou jogar só mais um pouco” e imediatamente me entregam algo novo que me empolga. De fato, sai do jogo com sentimento de que poderia ser mais longo, mas melhor isso do que sair exaurido.
Completei todas as fases do jogo com umas vinte horas de gameplay, o que pode ser meio curto. Dito isso, provavelmente rejogarei o jogo algumas vezes com o tempo (inclusive já estou com minha prima).
É bem comum você ver jogos da Nintendo que são relativamente fáceis e a maioria dos desafios estarem atreladas ao pós jogo. Numa filosofia de “todo mundo pode terminar, mas o desafio real é para os complecionistas”.
Aqui não temos isso, há fases secretas desde o primeiro mundo com dificuldade alta e fases opcionais já de cara, que exigem mais de você,também. De fato, acho que há apenas uma fase opcional que só fica disponível após ver os créditos do jogo.
Essa noção de que a maior parte do conteúdo está ao longo do jogo, e não no pós jogo, me fez variar de desafios e não sentir que “vou aproveitar de verdade depois dos créditos” (oi, Kirby). Estava constantemente alternando entre fases mais tranquilas e fases que exigiam bastante de mim.
E é um design ótimo para todo tipo de público. Caso você seja mais casual e só queira chegar até os créditos, conseguirá só jogando as fases mais fáceis e explorando um pouco.
Novamente batendo no coitado do New Super Mario Bros, vou dizer que o multiplayer dele era ruim. Era divertido pela bagunça, mas por ser uma plataforma 2D onde os personagens interagiam diretamente uns com os outros, gerava frustrações. Ser empurrado, pular sem querer no amiguinho e cair no lugar errado eram coisas comuns. Algo que não ocorre no fenomenal Super Mario Bros Wonder! Aqui jogar multiplayer funciona sem comprometer o design das fases justamente porque sua interação com outro jogador é limitada. A única interação é: caso seu amiguinho morra, ele vira um fantasminha que ao encostar em você volta ao jogo.
O único problema que aponto no multiplayer é que como a câmera segue apenas um jogador, a vezes outros jogadores podem ficar desorientados, um problema pequeno caso os jogadores tenham um ritmo parecido, mas um profundo caos se você jogar num ritmo muito diferente.
Acho que o ponto mais fraco do jogo é sua trilha sonora. Não é nem um pouco ruim, e ela tem momentos muito bons, especialmente nas fases musicais. O problema é que em grande parte do jogo ela é meio esquecível.
O jogo inteiro se destaca por tantos detalhes, que uma trilha sonora mais fraquinha aqui acaba sendo mais evidente do que em outros jogos.
Ela é uma trilha com detalhes legais, como ter pequenas alterações ao pegar o powerup de elefante (similar a adicionada de trotadas quando você monta num Yoshi em Super Mario World), mas num geral, o jogo não tem nenhuma música que sinto que vai ficar comigo depois de um tempo.
Nesse jogo, há diversas flores no caminho que falam com você. Elas aparecem o suficiente para marcarem mas não o bastante para irritar. E é nessas flores que o jogo mostra o quão competente é a localização do jogo.
o texto das flores está muito bem localizado e com uma dublagem bem carismática e engraçadinha, mas sem tirar o sentido de nada. Você vai ver frases como “Respira, mas não pira” e um “HMMM A ÁGUA TA DELICIOSA” numa empolgação que, honestamente, ta bem superior ao idioma inglês. Quando deixei as flores em inglês para efeitos comparativos, ele perdeu um pouquinho de graça pra mim, devo confessar.
Ainda quero ver como ela está em outros idiomas, mas em uma realidade onde é muito comum ver jogos com erros de localização e tradução confusa, notar o esmero que a tradução ptbr recebeu mostra que a Nintendo está na direção certa.
Claro, a culpa dos problemas de localização raramente são dos tradutores, mas sim do material recebido com contexto limitado, e as vezes somado com prazos apertados.
As traduções da Nintendo não são terceirizadas, e por consequência disso, os tradutores tiveram melhor acesso e condições ao material original e puderam trabalhar junto ao desenvolvimento, e não pós desenvolvimento.
Super Mario Bros Wonder é um excelente jogo. Ele é extremamente bem polido, bem animado e cheio de detalhes que encantam os olhos. Com certeza não é um jogo perfeito, mas todas as coisas que me incomodaram no jogo foram tão pequenas em relação ao que me encantou que, posso dizer que talvez este seja o melhor Mario 2D da franquia.
Super Mario Bros Wonder
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