Crítica: The Caligula Effect 2 – Confronte os seus arrependimentos

Escrito por Colaborador
Crítica

The Caligula Effect 2 é o novo RPG produzido pela FuRyu, desenvolvido pela Historia e localizado pela NIS America. Não tive muito contato com jogos da FuRyu, nem cheguei a jogar seu antecessor, porém tinha interesse pois tinha o nome do escritor Satomi Tadashi  (Personas 1 e 2; Digital Devil Saga), assim como compositores populares de Vocaloid, envolvidos no projeto.

Review escrita por EmpHighwind

Mas então que tipo de RPG é The Caligula Effect 2?

Caligula 2 é um daqueles RPGs de nicho feito com baixo orçamento tendo uma pegada meio focada em narrativa, meio dungeon crawler com sistemas de combate fora do padrão.

O jogo é sobre criar coragem de enfrentar suas falhas e arrependimentos ao invés de fugir delas, a trama se passa em um mundo virtual chamado “Redo” onde as pessoas que carregam suas frustrações de falhas passadas, podem viver de forma ideal e esquecer de seus arrependimentos. Este mundo é administrado por uma “Virtuadoll” (uma espécie de Idol virtual similar a Vocaloid) chamada Regret e um grupo de compositores chamado “Obbligato Musicians” criam músicas para promove-la.

A história começa quando nossos protagonistas passam a ficarem conscientes da realidade e querem voltar para o mundo real com a ajuda de outra Virtuadoll chamada χ (a letra grega que se pronuncia “qui”). Não é a história mais sutil porém é uma fácil de se empatizar, pois afinal, quem nunca se arrependeu de algo?

Não é necessário ter jogado o primeiro jogo, mas este faz várias referências aos acontecimentos de seu antecessor, tem uma grande decisão pouco depois da metade do jogo do qual pode levar a um final ruim e acredito que este final teria mais impacto para quem jogou o primeiro jogo.

A narrativa é contada de uma forma estruturada na qual cada capítulo você enfrenta um dos Obbligato Musicians. Na primeira metade, são introduzidos os personagens jogáveis da sua party, cada personagem foi escrito de uma maneira que contrasta com cada músico, uns menos naturalmente que outros, mas funciona, o final é um pouco anticlimático, mas achei satisfatório.

Você também tem “Characters Episodes” no qual você pode conhecer mais sobre os personagens da party. Chegando em certo ponto dos episódios, o jogo simplesmente pergunta se você quer realmente conhece-los a fundo, criando uma sensação de tensão por fazer eles se abrirem, depois deste ponto escolhas erradas podem impedir de avança-los, mas é facilmente contornado gastando pontos ou recarregando um save. Tem também pequenas interações através do “WIRE”, um aplicativo de mensagens do qual você pode perguntar sobre diversos tópicos mundanos adquirido de diversas maneiras.

Além disso, o jogo tem NPCs nomeados nos quais você tem um diagrama de relações chamado “Causality Link” e através de sidequests consegue informações do que eles se arrependeram, porém sem a mesma profundidade dos characters episodes, e essas sidequests em sua maioria é fetch quest ou redundantes. Como por exemplo,uma sidequest em que o objetivo é completar uma outra sidequest, apesar de tudo é divertido preencher tal diagrama e ver os arrependimentos mundanos dos NPCs.

Gostaria de dizer que nenhuma sidequest neste jogo é perdível, porém uma em específico exige uma quantidade de itens que só pode conseguir através de uma loteria e conseguir estes tickets para loteria tem um limite de quantos se obtém por capítulo.

O combate do jogo é um sistema interessante onde você tem uma barra similar ao ATB chamada “Imaginary Chain” em que cada personagem espera seu turno chegar, porém durante seu turno você tem um prévia de como sua ação será executada. Cada ação tem um tempo de espera antes e depois da ativação, algumas ações tem gatilhos que ativam outras ações logo em seguida, podendo montar combos a partir destas ações de vários personagens, contra-atacar ações inimigas e o posicionamento ser relevante dá um ar de estratégia permitindo que seja possível enfrentar inimigos com níveis acima.

Os inimigos tem um valor de “Risk” que conforme vai recebendo dano vai enchendo uma barra e aumentando o valor, quando este valor chega em 6, acontece um “Risk Break” reduzindo sua defesa e deixando suas ações mais fáceis de serem interrompidas. Além disso cada personagem tem uma barra de “Stress” que vai acumulando conforme o tempo e ações de batalha, quando cheia, em seu turno o personagem ganha a opção de usar uma “Overdose Skill”.

Também há uma outra barra do qual é preenchida com ações tanto dentro quanto fora de combate chamada barra de “Voltage”, quando esta estiver cheia, você pode usar o “χ-Jacking” a qualquer hora durante batalha, e que quando ativado os turnos dos seus personagens carregam instantaneamente, uma música cantada pela χ sobrescreve a música de batalha e você ganha vários bônus até a barra esvaziar.

Infelizmente o jogo não tem a variedade de inimigos que faz jus a estes sistemas, você não pode acelerar a animação da prévia de sua ação e os chefes deste jogo que, apesar de serem interessantes, podem ser trivializados através da mecânica de χ-Jacking, pelo menos na dificuldade normal.

Você pode equipar habilidades passivas que você aprende usando os equipamentos “Stigmas”. Você pode equipar até seis destas habilidades. Algumas delas são necessárias para terminar sidequests.

Dungeons neste jogo são ok, mas elas são distintas entre si o suficiente para que uma identidade possa ser criada dentro do escopo do jogo. Eu particularmente achei a terceira dungeon a mais interessante, que possuem bastante checkpoints, então se você quiser jogar sessões pequenas, você pode.

A trilha sonora na maior parte do tempo são as músicas feitas pelos compositores de Vocaloid populares, cada dungeon possui a música associada a seu chefe e fica alternando entre instrumental fora de batalha e com vocais durante. Já nas lutas contras os chefes, é tocado um remix das mesmas. Infelizmente não é possível ver as letras traduzidas das músicas dentro do jogo, porém as letras em japonês ficam no fundo das batalhas de maneira estilizada lembrando os clipes deste tipo de música, o que é um toque bem legal.

Em questão gráfica o jogo deixa a desejar devido ao baixo orçamento, no PlayStation 4 base ele roda relativamente bem, porém umas pequenas engasgadas quando uma área muito cheia é carregada.

Uma jogada no normal até o final fazendo boa parte das sidequests levou perto de 50 horas de jogo, porém fazendo apenas a história principal é possível terminar em menos de 30 horas. Ao termina o jogo você ganha acesso a revanches contras os chefes, habilidade de aumentar o nível dos inimigos, assim como também uma dungeon de cem andares com layouts pequenos repetidos para aqueles que quiserem mais do jogo A platina não necessita terminar esta dungeon, mas requer uma segunda jogada no NG+, que dá pra conquistar com menos de 70 horas. O jogo possui quatro opções de dificuldade.

Finalmente, The Caligula Effect 2 foi uma experiência positiva, seus temas são fáceis de empatizar e seu combate é bacana, se você gosta deste tipo de RPG japonês de baixo orçamento você se sentirá em casa, realmente é um jogo interessante, mas recomendo esperar um desconto.

O jogo será lançado dia 19 de Outubro para as plataformas Playstation 4 e Nintendo Switch.

Nome do jogo:

The Caligula Effect 2

Publisher:

NIS America, FuRyu

Desenvolvedora:

Historia

Plataformas Disponívies:

Playstation 4, Nintendo Switch

Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge