Crítica: Ys IX: Monstrum Nox – Uma homenagem à Ys

Por Pedro Ladino

Nota: 8

Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge

A mais recente aventura de Adol Christin acaba de desembarcar no ocidente pela NIS America. Ys IX: Monstrum Nox traz de volta o nosso ruivo favorito que tem como destino a cidade-prisão Balduq.

Ys é uma série de JRPG que vem sendo lançada desde 1989, desenvolvida pela Nihon Falcom, a franquia conta a história de Adol “The Red” Christin e suas aventuras pelo mundo. É uma das mais antigas e influentes franquias do Japão.

“Parece que naufrágios ocorrem frequentemente com você.”

A franquia é conhecida pela acessibilidade de poder começar por qualquer um de seus jogos, com exceção de Ys I e II. Aqui ainda existe essa possibilidade, e é até mesmo recomendado, porém, Ys IX é um game que traz diversos callbacks das aventuras anteriores de Adol. 

Como alguém que ainda não jogou os Ys mais modernos, Seven, Memories of Celceta e Lacrimosa of Dana, me senti um pouco perdido em certos momentos. Esses três jogos, por serem os mais recentes, são os mais referenciados aqui.

Todo o núcleo final de Ys IX: Monstrum Nox é uma homenagem à série por completo.

A história começa com Adol escapando da Prisão de Balduq, após ter sido preso injustamente. Durante a fuga, Adol encontra Aprilis, que após atirar no nosso protagonista, o dá poderes de Monstrum, um ser com poderes sobrenaturais e com a capacidade de exorcizar monstros. Adol precisa investigar e ir a fundo aos mistérios de Balduq, afim de acabar com a Maldição Monstrum.

Há tempos a série vem tendo um foco maior na sua parte de narrativa, é algo que começou com Ys Seven e foi expandindo até aqui. É claro, que em comparação com a série Trails, também da Nihon Falcom, a quantidade de texto não chega nem perto, mas é interessante ver que os desenvolvedores estão dando mais espaço para o lore da série, que chama muito minha atenção nos jogos anteriores, mesmo que não explorado tanto assim. 

O pacing do jogo é ótimo, em nenhum momento você se sente a história se arrastando. Vou bater o martelo aqui e dizer que o jogo não tem sidequest. Quase todas elas compõem a narrativa, e não são só aliados a mais no Dandelion. Algumas das quests vão se complementando e formando um grande plot por si só. 

Eu nunca iria imaginar que eu me surpreenderia e perdesse a cabeça em algum Ys, mas esse jogo me deixou boquiaberto em diversos momentos. A história adota um tom sombrio em diversos momentos.

O novo elenco é ótimo, alguns melhores que os outros, é claro. Eles não chegam a ser muito explorados narrativamente, mas personagens como a Doll e Hawk são os que mais se destacaram para mim. Além de Aprilis.

E quando eu falo de personagens, não posso esquecer de mencionar o principal desse game: a cidade-prisão Balduq. Sim, ela é um tanto vazia, mas ao mesmo tempo, ela tem vida. Todo o lore e as poucas interações com os habitantes da cidade mostram como a Falcom é ótima em criar locais desde sempre.

A exploração da cidade e seus arredores pode chegar a ser enfadonho, mas após adquirir o Gift da Doll, ela começar a ficar mais divertida. Em comparação à outros jogos da série, aqui não se tem o senso de aventura, o que faz todo sentido por estarmos em uma cidade-prisão.

O último suspiro de uma engine cansada

Ys IX: Monstrum Nox é provavelmente o último jogo da série a utilizar a Yamaneko Engine, um motor gráfico que é usado em Ys desde a era do PSP (Trails of Cold Steel utiliza uma outra engine, feita pela Sony e modificada pela desenvolvedora). Mesmo que gráficos excepcionais nunca fossem o foco da desenvolvedora, aqui a falta de polimento nas animações acabam tirando um pouco da imersão, já que o game é bastante carregado de história. Acredito que seja o máximo que se possa extrair dessa engine.

Uma coisa interessante é que para algumas cenas, a Falcom utilizou uma tecnologia de captura de movimento. A diferença é brutal quando vemos em ação. As cenas foram perfeitamente escolhidas. 

A nova engine da Falcom promete ser bastante promissora e espero que eles consigam a utilizar bem futuramente.

Quanto a performance, a versão da NISA já vem com todos os patches lançados no Japão, o jogo ainda engasga em certos locais da cidade, mas roda razoavelmente bem nas batalhas. Eu joguei em um PS4 padrão.

Fluidez no combate: a grande cartada de Ys

Mas se o jogo peca nas animações, no combate ele se destaca. Como alguém que saiu direto de Ys Origin para esse game, a diferença é bastante grande, sem falar na mudança dos gráficos 2D para 3D. O combate acelerado e a utilização dos Gifts, traz uma excelente combinação. Jogar Ys é como entrar numa zona, os controles fluem com uma capacidade incrível.

Dito isso, nem todos os Gifts são bem utilizados aqui, Valkyrie Hammer da Raging Bull, que permite fazer um ataque carregado, por exemplo, não é bem explorado com exceção de um boss em específico. No resto do jogo, ele acaba atrapalhando, pois o combate requer rapidez.

Já outros Gifts permitem combinações de gameplay, como o Shadow Dive que acaba sendo interessante para se desviar de ataques contínuos, e Crimson Line traz um ótimo dinamismo às batalhas. Os demais Gifts, como Heaven’s Run, que permite andar nas paredes, Third Eye, uma espécie de visão de águia de Assassin’s Creed e Hunter’s Descent, que ajuda a voar, são ótimos para a exploração e coletáveis.

Falando em coletáveis e Assassin’s Creed, o jogo possui alguns, como apanhar pétalas, que aliás, para os fãs de longa data, a recompensa final é maravilhosa, achar grafites, encontrar locações e comprar presentes.

Os presentes fazem parte do sistema de Afinidade, que lembra um pouco o Bonding System de Trails, mas aqui é curto e bem feito.

Para progredir na história e desbloquear áreas da cidade, temos que enfrentar raids de Lemures, os inimigos do jogo, no Grimwald Nox. Quando você coleta um total de 100 NOX Points, um miasma aparece na cidade.

Há dois tipos de desafios em Grimwald Nox: o primeiro é combater ondas de inimigos, como se fosse um Tower Defense, no decorrer do jogo você consegue dar upgrade e montar novos mecanismos de defesa, e o outro você deve quebrar várias Lacrimas, uma espécie de cristais, em um determinado tempo. Esse segundo pode ser frustrante em algumas ocasiões.

Vale ressaltar também que algumas dungeons fazem referencia direta à jogos da série Brandish, também da Nihom Falcom.

To be continued…

A música, como sempre, é um show a parte dos jogos da Falcom. Eu costumo dizer que Mitsuo Singa funciona perfeitamente em Ys, e aqui isso se prova corretamente. Ainda que outras músicas do jogo sejam melhores que as guitarras malucas do Singa, a loucura dele bate perfeitamente com as raids de monstros. Sonoda, Unisuga e Jindo continuam sendo os melhores compositores da desenvolvedora, e aqui o trabalho deles é lindo, como sempre.

Em termos de gramática e typo, a localização está ótima. Só de não termos diálogos escapando pelos balões, como em Cold Steel IV, já é uma vitória.
Não consigo falar sobre a tradução, pois não tenho conhecimento da língua Japonesa.

Homenageando a franquia como um todo, Ys IX: Monstrum Nox traz uma história mais sombria e ressignifica tudo dentro da série, funcionando também como uma porta de entrada para novos jogadores. Que venha a próxima aventura de Adol!

O jogo estará disponível para PlayStation 4 no dia 02 de fevereiro. Versões de PC e Nintendo Switch ainda não possuem data de lançamento, mas estão confirmadas para 2021.

Nome do jogo:

Ys IX: Monstrum Nox

Publisher:

NIS America

Desenvolvedora:

Nihon Falcom

Plataformas Disponíveis:

Playstation 4