Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge
“Tudo é verdade, menos as mentiras” essa frase aponta o maior problema de Death Stranding. Ele aparentemente mal escrito. É apenas uma entre uma enorme lista de frases e diálogos que vão além do cafona. Óbvio, tudo isso encabeçado pelo “Like Mario and Princess Beach”, talvez um dos piores diálogos já feitos. Entretanto, Death Stranding é muito mais do que isso, na real, rejogando o Director ‘s Cut, eu fui ainda mais fisgado pelo que Kojima fez.
Sim, a última grande produção de Hideo Kojima, lançada exclusivamente para Playstation nos consoles é mais bonita do que nunca e tem mais mecânicas e conteúdo do que a versão de Playstation 4 e de Computador. Além das novidades: novos equipamentos, pistas de corrida, missões com história e área de treino de combate, tudo o que foi adicionado na versão de PC está aqui. Basicamente itens e missões de Half Life e Cyberpunk 2077, e honestamente, isso não importa tanto.
Death Stranding é um jogo único e quanto mais eu penso em sua história, mais eu sinto que existe algo ali, escondido em plena a vista, como se a sua criação estivesse existindo para muito mais do que apenas é visivelmente dito. No Director ‘s Cut, tive a oportunidade de conseguir respirar mais o jogo. Tal qual o mundo, nós mudamos, e estar jogando algo em que as pessoas se isolam por medo de morrer com algo que não enxergam, fica mais fácil de se conectar atualmente.
Não que jogar isso pré-Covid tenha me feito desgostar, eu realmente acredito que Death Stranding é um dos melhores jogos da geração. A questão é que jogando novamente, eu sinto como se conseguisse ver com outro olhar, não de maneira mais crítica, mas de maneira mais aberta.
Nada disso é culpa de mudanças na versão para Playstation 5, nenhum item novo realmente muda essas questões, mas agora eu começo a me questionar ainda mais sobre o que realmente Kojima queria dizer, e honestamente, talvez ele não estivesse querendo falar nada além do que ele diz. Talvez Death Stranding realmente seja só um jogo mecanicamente incrível e mal escrito, mas ele é dirigido da maneira certa, pois o tempo todo parece que ele quer falar muito mais do que explicitamente joga na cara do jogador.
Talvez, Death Stranding seja sobre como a América é incrível e precisamos carregar seu legado, talvez seja sobre como em tudo precisamos de conexões, amigos, colegas e trabalhar um com os outros. Talvez, Kojima estivesse falando sobre sua vida ou sobre a criação de seu jogo. É possível até mesmo que Death Stranding seja sobre o próprio Kojima, sobre sua criação e uma exploração interna sobre as suas produções e suas mudanças de estilo.
Não importa, Death Stranding é uma dessas obras que conseguem ser aberto o suficiente para interpretação e permite gerar debate e conversa para todos que tem interesse no jogo.
Não é com gráficos, novas armas e maneiras de jogar que isso muda, o Director ‘s Cut tem a validade de sua existência não pelas novidades internas, mas pelo quanto mudamos nos últimos quase 2 anos.
Não é só sobre compaixão ou entender o que é estar isolado, é sobre visão de tempo e o quanto apreciamos algo e absorvemos um conteúdo. Óbvio que as novidades são legais e o jogo é ainda mais lindo, o que aumenta a experiência, mas talvez Death Stranding tenha sido lançado alguns anos antes do que devia ,talvez estejamos em mundo mais propenso a gostar e ver a última criação de Kojima com outros olhares.
Talvez todas as questões de interpretação sejam um pouco mais escondidas do que deviam pelo quão descarado e pouco sutil o jogo é, mas faz parte do seu charme. Um jogo tão aberto e especial que nada da para dizer com certeza, é um texto cheio de “talvez”, tal qual Death Stranding é aberto o suficiente para ser, talvez, muito mais do que parece.
Death Stranding Director ‘s Cut é um jogo maravilhoso que consegue ter um relançamento mais importante pelo mundo e pelo que diz, do que pelas novas tecnologias que um console tem a oferecer. Um feito raro, a cara de seu criador.
Death Stranding
Playstation
Kojima Productions
Playstation 5