Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge
Disgaea 6: Defiance of Destiny foi uma grata surpresa pra mim. Afinal, minha relação com a série é um tanto distante faz alguns anos. Joguei muito Disgaea 1 e 2 na minha adolescência, mas desde o terceiro título nunca joguei mais do que algumas horas. Não sabia se Disgaea ainda era uma série para mim e o sexto título me parecia uma forma interessante de reentrar na série.
Disgaea é uma franquia de JRPG estratégico, similar a jogos como Final Fantasy Tactics e Fire Emblem. É um jogo tático conhecido por números gigantes e por ser uma série com um humor pastelão. A série tem muitos, mas muitos recursos e sistemas e esse é o principal diferencial dela.
Disgaea é uma franquia conhecida por números gigantes. Afinal, é o jogo conhecido por ser nível máximo ser 9999, e além disso te dar diversos recursos para customizar e maximizar cada personagem e item de forma que abraça uma certa obsessão. Se você quer brincar fazendo um personagem extremamente poderoso que atropela tudo que vê pela frente, o jogo lhe dá recursos para isso. Ele espera que você abuse um pouco dele. O comum em Disgaea é ter um pós jogo grande e com uma escala de dificuldade que exige um nível de compreensão de seus sistemas. Caso termine o jogo sem explorar muito o que ele tem a oferecer após a história principal, não sentirá tanta necessidade de usar e abusar de seus sistemas, mas explorar os recursos do jogo é o que torna Disgaea ser tão querido pelo seu público.
E bem, o sexto jogo lhe oferece tudo que foi dito acima e de forma mais acessível.
Bem, Disgaea 6 abraça com força o lado “números grandes” e não apenas deixa TUDO numa escala maior. Você pode ultrapassar o nível 9999, seu HP no começo é em torno de 20 mil e os danos já no início podem chegar a centena de milhar. O jogo toma diversas decisões que facilitam o grind e maneiras rápidas de deixar um personagem absurdamente poderoso e desbalanceado. Isso pode quebrar o jogo, mas ele quer que você faça isso, pois você enfrentará inimigos absurdos e desbalanceados.
Então, a forma com que se adquire experiência é diferente dos outros jogos da série. A XP é dada para todos que entraram na batalha (vivos ou mortos) e só ao fim dela. Com esta mudança, é muito mais fácil subir níveis de vários personagens de uma vez e personagens de níveis mais baixos. Como se isso não fosse o suficiente, você tem maneiras de triplicar a experiência ganha para personagens abaixo do nível 10. Achou pouco? Você agora pode fazer com que um personagem em especifico roube a XP adquirida por todos numa batalha. Apenas com os exemplos que dei, é possível abusar desses recursos e fazer um único personagem subir mais de mil níveis em uma única batalha.
Agora você tem um sistema auto battle para grindar nas fases mais rápido. Isso poderia ser uma ferramenta esquecível, contudo, ela é tão detalhada que se você quiser pode ser sua mecânica principal do jogo.
Afinal, em Disgaea 6 você é capaz de programar a inteligência artificial de cada personagem no auto battle, podendo escolher tanto coisas já pré definidas quanto programar cada atitude em cada situação específica. Quer que um personagem use a estratégia de atacar perto quando seu HP estiver a mais de 60%, caso contrário ele se afaste 6 painéis do inimigo e se cure? Dá pra fazer isso! Quer que seu aliado sempre que ver alguém especifico o jogue para a direção de um inimigo de um tipo específico? Também dá! O jogo tem TANTAS possibilidades de programação, que se você quiser jogar do inicio ao fim programando as coisas fingindo que Disgaea é um autorama, você pode.
Bem, uma das mecânicas principais para fazer tudo isso funcionar é o sistema de super reencarnação. Seu personagem ganha pontos de karma a cada nível a mais, que podem ser gastos quando você escolhe super reencarnar e voltar para o nível 1. Contudo, seu personagem pode gastar pontos de karma para aumentar seus status base, fazendo-o um personagem que ganha mais números a cada nível subido em comparação a antes. Essa brincadeira de ir e voltar pro nível 1 fica convidativa graças ao tanto de recursos dados para se subir de nível rápido. Dificilmente você se sentirá lesado ou muito pra trás quando fazer um personagem voltar para a estaca zero, pois o jogo está sempre progredindo e te dando mais.
Vamos a história de Disgaea 6: O protagonista da vez é Zed, um zumbi que era fracote mas decidiu comprar briga com o deus da destruição, um ser incrivelmente poderoso. Para isso, Zed conquistou a habilidade de super reencarnar, na qual sempre que ele morre, é reencarnado num outro mundo, mas com o poder e memorias anteriores. A cada morte Zed volta um pouco mais poderoso, e depois de centenas de milhares de mortes, ele começa a ter chance contra o Deus da destruição. A cada mundo que Zed para ele encontra um aliado novo para reencarnar junto com ele nessa empreitada.
O jogo é 90% do tempo um humor pastelão e 10% uma história que quer contar algo um pouco mais sério. Muitas das piadas não me pegaram muito, mas o carisma dos personagens fez com que eu mantivesse o interesse do começo ao fim.
Disgaea 6 é o primeiro jogo com polígonos totalmente 3D da franquia, e ele sofre com isso. Além de ser esteticamente mais feio que os anteriores, ele não roda bem no Nintendo Switch. O jogo possui opção de qualidade gráfica para você escolher entre ter um jogo um pouco mais borrado mas rodando melhor, e mesmo assim ele tem quedas de frame. No fim das contas não é algo tão crucial, pois é um jogo por turnos, mas é um problema perceptível.
Olhando pro jogo e sabendo do que se trata da pra ver de cara se ele é ou não para você. Eu terminei me divertindo muito com o game brincando, abusando e até ficando obcecado pelos seus sistemas. Fazer personagens super poderosos que destruíram o último chefe com dois golpes foi incrivelmente satisfatório. O pós jogo dele é mais acessível do que os anteriores que joguei, mas ainda oferece um desafio e exigência. Caso seja isso que você esteja procurando, Disgaea 6: Defiance of Destiny é uma boa pedida, mas não venha esperando um RPG tático tradicional como um Fire Emblem, Disgaea tem outro clima, e este é seu charme.
Disgaea 6: Defiance of Destiny
NIS America
Nippon Ichi Software
Nintendo Switch