Uma das franquias mais lucrativas da história, reconhecida por bilhões de pessoas, mesmo que apenas pelo nome de uma de suas mais de mil criaturas. Pokémon sempre foi algo que esteve em minha com suas cartas, jogos, anime, bonequinhos e tudo que envolve as criaturinhas. Eu não lembro de um momento da minha vida em que a franquia de “monstros de bolso” não estivesse comigo. Ainda assim, no final de 2023 eu entrei em uma espiral de dúvida: Eu gosto mesmo de Pokémon?
Esse questionamento veio por uma junção de fatores, as cartinhas me cansaram, entrei no buraco de Magic e pelo menos o Itaú tá sabendo bem o quanto eu cai nesse monte de papelão cortado. Eu tentei ver voltar ao anime em Alola mas não fui longe, e nos jogos, o que mais me empolgou foi Pokémon Legends, justamente por fugir bastante do que a franquia estava fazendo. Nessa onda de tentativas falhadas, passei a tentar entender o que caralhos eu gostava na franquia.
Até mesmo virou uma pequena conversa no grupo de redatores do site, talvez, o que me animasse em Pokémon era o produto em si, poderia ser o design das criaturas, ou até mesmo nostalgia. O mais próximo de uma conclusão que cheguei na conversa foi de que, talvez, o que eu gostasse mesmo era o que Pokémon poderia ser e não o que é. Todas as vezes que eu joguei Pokémon, foi olhando pra frente, o que a franquia poderia ser, o que o meu time de criaturas poderia fazer.
O futuro de Pokémon chegou com o Nintendo Switch, o sonho de todos que jogavam no passado estava ali. Um jogo 3D, mundo aberto, sem encontros aleatórios e até mesmo a possibilidade de interagir, em diferentes formas, com o seu Pokémon fora de batalha. Porém, tudo isso foi, de alguma forma, decepcionante para mim. Óbvio que existem problemas incontestáveis. Scarlet e Violet rodam muito mal, o cenário não é ainda o que queríamos, mas não é isso que me afastava, pelo menos não depois de muita melhoria por parte da Game Freak, eu queria algo mais, algo mais estratégico.
Eu queria que o cenário importasse mais, que existisse espaço para diferentes estratégias e por padrão não ser apenas 1 contra 1. Que vantagens elementares não fossem tão efetivas para obrigar os jogadores a utilizarem os elementos únicos de cada Pokémon. Claro, algumas dessas questões acabavam me fazendo pensar que o que eu queria era outro jogo, uma outra franquia, mas Pokémon tem algo especial, uma vida que poucos jogos conseguem criar.
Com esse pensamento preso na cabeça e entrando numa fase de hiperfoco em Pokémon, algo que aprendi a reconhecer ao longo da minha vida, eu decidi não só dar mais uma chance ao último grande lançamento, como comprar as DLC ‘s. Eu praticamente passei a estudar as mecânicas do jogo. O que, para minha surpresa, me fez finalmente entender Pokémon. Demorou apenas mais de duas décadas jogando essa maldita franquia para eu perceber que parte do que eu queria já estava lá e outra não era tão necessária assim.
Um dos facilitadores para eu apreciar e entender mais do jogo, foi a última DLC, ela melhora diversos pontos do jogo e o deixa mais desafiador. Entretanto, o principal fator foi eu realmente estudar e começar a pôr os pés nas batalhas online do jogo. A quantidade de possibilidades, estratégias, cálculos e status que o jogo carrega é impressionante. São mais de mil Pokémon e, obviamente, nem todos são realmente interessantes para uma luta, mas é impressionante o quanto é preciso entender. Para quem não viveu esse mundinho antes, encontrar diferentes estratégias lutando online com aleatórios é quase sempre divertido. Rapidamente perder deixou de ser frustrante e passou a ser aprendizado, aos poucos consegui entender não apenas o que diferentes Pokémon faziam, como o que os meus podiam fazer.
Habilidade que faz atacar antes, diminuir ou aumentar status, criaturas que controlam outras, habilidades que garantem imunidade ou ações completamente diferentes ao Pokémon. Tudo isso misturado com uma enorme possibilidade de itens e ataques com diferentes status, que podem ser úteis de diferentes formas para cada criatura. É impressionante, é numeroso e quando você começa a entender, é gostoso demais, tanto quando acerta, quando erra e entende o motivo.
Ainda é estranho perceber que demorei tanto tempo pra correr atrás disso e pra ser sincero, ainda estou num processo de “luto” pois algumas das criaturas que eu mais gostava de usar na campanha, não servem pra nada no online. Eu agora só espero que a campanha vanilla do próximo consiga refletir mais essa enormidade de possibilidades, que transformam o jogo em algo muito melhor, algo que acho que nem tão cedo vai acontecer. Entretanto, agora que entendo o motivo de eu gostar de Pokémon, eu não vejo a hora de ver as mudanças, as gimmicks e de continuar batalhando online e aprendendo um pouco mais dessa franquia que me acompanhou a vida inteira e finalmente vejo o quão profunda e interessante ela sempre foi.