Final Fantasy XIV: Endwalker é o jogo do ano de 2021 para Megazao

Por Colaborador

Final Fantasy XIV é um jogo que carrega um número absurdo de histórias. Desde a história que o jogo se propõe a te contar, a história do lançamento conturbado da versão 1.0 e seu subsequente relançamento, os vários ciclos de updates que passamos pra chegar até aqui, e a história individual de vida de cada jogador com o jogo – tudo isso contribuindo para a construção de uma obra que está há mais de 10 anos em constante evolução, sendo moldada por uma comunidade apaixonada e investida.

Endwalker veio pra colocar um fim a uma dessas histórias. Não ao jogo como um todo, apenas ao arco narrativo que vem sendo construído desde a versão 1.0. Propor um final agora, em meio a esse recente pico de popularidade do jogo em tempos de pandemia, e seguindo o sucesso estrondoso da expansão Shadowbringers, era algo que causava um certo receio em muitos jogadores. Afinal, tudo que envolve a ideia de um fim a algo que você ama é um pouco assustador, mesmo com uma promessa de que esse não vai ser um fim definitivo. E se a história não atingisse os mesmos altos de Shadowbringers? E se o final deixasse um gosto amargo na boca dos novos jogadores? E se a pandemia atrapalhou demais o desenvolvimento? E se…?

Uma vez que estava presenciando os créditos da expansão rolarem, eu pude respirar aliviado, em meio a algumas lágrimas, pois Endwalker não só era digna de suceder Shadowbringers, como era o melhor final que poderíamos pedir. Toda a história que envolve o passado do nosso mundo que aprendemos em Shadowbringers é explorada ainda mais a fundo; já os vilões daquela expansão ganham ainda mais tridimensionalidade e são sedimentados como alguns dos melhores exemplos de vilões da franquia e de vídeo games em geral. Todas as pontas importantes são amarradas, e o jogo faz ligações da história com conteúdos antigos da versão base do jogo que são sempre surpresas nostálgicas para quem está investido naquela história há mais tempo. Tudo isso enquanto encontra tempo para amarrar a história toda em inúmeras referências a Final Fantasy IV. Claro que não é uma expansão perfeita (e eu estou olhando pra vocês, mecânicas de stealth forçadas), mas fico pelo menos aliviado em dizer que minha pequena insatisfação veio do que ele tentou fazer de novo, do que de alguma mecânica quebrada sem razão.

Final Fantasy 14 Endwalker

Porém, além desses elogios técnicos todos, Endwalker é uma carta de amor. Uma carta de amor aos fãs, ao legado do jogo, e à sua própria história. É uma história que trata sobre a finitude das coisas de forma meio metalinguística, e como não devemos ficar paranoicos ou deixar isso ditar nossa vida enquanto vivemos. É uma tentativa de abrir as mesmas possibilidades de caminhos que eles tinham com A Realm Reborn, porém sem precisar jogar uma lua na nossa cabeça dessa vez. Uma completa antítese de onde o jogo já esteve, e que reflete onde está no mundo real também.

Final Fantasy XIV é um jogo que carrega um número absurdo de histórias. A essa altura, as histórias que ele ajudou a criar já se tornaram parte do próprio jogo – merecidamente. Endwalker deu um fim a um arco de uma das formas mais graciosas e respeitosas que eu já vi em qualquer mídia, e isso torna essa expansão minha experiência favorita indisputável de 2021.

Texto por Matheus “Megazao”, do podcast Memória RAMdom.