Fora do Radar é um quadro semanal do Game Lodge com a intenção de comentar sobre jogos diferentes e que mesmo que sejam interessantes de serem comentados, de maneira positiva ou não, não geram tanto assunto para um texto inteiro só deles. Confira os jogos da semana:
Cataclismo é um desses jogos que mistura tanta coisa que por pouco não dá errado e acaba se tornando algo excelente. Uma mistura de RTS, construção de fortalezas e tower defense que ainda em Early Access já é um excelente jogo.
É impressionante o como ele funciona e como cada mecânica conversa bem entre si, tudo isso ainda se amarrando a lore e ideias narrativas com muito potencial. O jogo está disponível na Nuuvem e estou ansioso de verdade para ver as futuras atualizações e o quanto esse belecismo jogo ainda vai se expandir. Uma ótima recomendação para quem está procurando um jogo pra tomar um cafézim e perder horas construindo a perfeita muralha que vai durar apenas alguns minutos contra um enxame de inimigos.
Indicação de Silvio Diaz
Fairy Tail: Beach Volleyball Havoc é 1 dos 3 jogos indies que foram anunciados pela Kodansha Creators’ Lab em agosto deste ano. Ele vem do projeto Fairy Tail Indie Game Guild, que busca lançar jogos indies do famoso mangá de Hiro Mashima, Fairy Tail. Inclusive o próprio autor ajudou no projeto, disponibilizando uma certa verba para que os estúdios indies possam usar no desenvolvimento de seus jogos. Beach Volleyball Havoc, que está disponível apenas na Steam, foi desenvolvido pelos estúdios tiny cactus studio, MASUDATARO e veryOK, sendo o segundo jogo que foi lançado desse projeto.
Como o indicado no nome, se trata de um jogo de vôlei usando os personagens de Fairy Tail. As partidas são jogadas em 2×2 onde quem marcar 4 pontos primeiro vence. Ele pode ser jogado solo, com a cpu controlando o segundo personagem do time, ou em co-op com um amigo localmente ou via remote play da Steam. É possível fazer uma partida contra um amigo ou reunir 4 amigos para jogar 2×2. É bem divertido de jogar de galera, só que é uma pena não ter online para poder jogar contra desconhecidos. Ao menos o remote play funcionou muito bem jogando com um amigo a distância.
O elenco do jogo é até recheado, possuindo 32 personagens jogáveis, que vão sendo desbloqueados, de 3 em 3 geralmente, à medida que você vence partidas. A jogabilidade é bem simples, o jogador controla um personagem e com ele pode fazer a recepção da bola, pular e rebater a bola (enquanto no ar). Basicamente usa-se dois botões, visto que o de bater é o mesmo do de receber.
Claro que, como um jogo de Fairy Tail, não poderia faltar magia. Cada personagem tem sua magia única e sempre que alguém marcar um ponto, uma magia aleatória é gerada para que você coloque em algum jogador do time. Para usar a magia o jogador deve recolher cristais de mana que são gerados a cada toque na bola. A magia que você usa vai depender de qual dos 2 botões de rebater o jogador clicar. Ao total cada personagem pode ter 4 magias, sendo que elas se misturam em 2 slots.
Como descrito o jogo é simples, mas é extremamente caótico. No começo é tudo relativamente calmo, mas a medida que o rally aumenta, a velocidade da bola vai aumentando também, fora que chegando perto do final do jogo vemos em telas mais e mais magias, criando o mais puro caos.
Perdi a conta de vezes que eu simplesmente já não entedia o que acontecia, porque tinha gatos cobrindo a tela, fumaça e efeitos luminosos para todo canto. Em vários momentos eu só clicava e torcia pra salvar a bola e para que o outro time deixasse cair. A consistência para marcar os pontos também era meio aleatória, visto que bolas rápidas e cheio de magias a cpu conseguia salvar, mas outras mais simples não.
Depois que você desbloqueia todos os personagens, você começa a liberar artworks de fãs e pode conferir na galeria do jogo. Tem desenhos dos mais variados estilos e são bem legais de ver.
No geral é um jogo bem simples, sem muita variedade do que fazer além das partidas em si, mas divertido para quem gosta da obra e principalmente para quem tiver com quem jogar junto. É bom ver esse investimento nos estúdios indies para trabalhar a obra, tomara que a moda pegue e possamos ver mais jogos variados usando IPs de anime sendo lançados. Espero poder testar os próximos jogos desse projeto em breve.
Indicação de Leonardo Costa
Recentemente, venho me interessando novamente pelo universo da TYPE-MOON. O lançamento recente de Fate Stay/Night Remastered e de Tsukihime -a piece of blue glass moon- reacenderam minha vontade de explorar mais obras de Kinoko Nasu, embora eu já tenha lido Fate/Stay Night no passado e tenha incontáveis horas de Melty Blood, Mahoutsukai no Yoru (abreviado como Mahoyo) sempre foi uma história que eu queria ler, mas por diversas razões, nunca havia de fato começado.
Eu diria que estava esperando o “momento certo” para ler Mahoyo, momento esse que nunca de fato chegou, Até que, em um momento meio impulsivo eu decidi começar, e instantaneamente, fui fisgado por aquela história.
A atmosfera que essa Visual Novel transmite é algo indescritível, de uma certa forma, uma leitura muito confortável e convidativa, como a sensação de ler um livro em um dia de chuva, ou sentar-se perto de uma lareira em um dia de inverno.
O fato de a história se passar no inverno, em uma cidade de interior japonesa, com uma mansão de arquitetura europeia escondida dentro das florestas, é estranhamente aconchegante e acolhedor. Os diálogos entre Aoko, Alice e Soujuurou são acompanhados por uma trilha sonora clássica e suave, criando uma aura de tranquilidade que transborda além das palavras. Passar o tempo com esses personagens é uma experiência envolvente e prazerosa, uma leitura muito gostosa e confortável.
No entanto, Mahoyo logo revela sua outra faceta. Afinal, é uma história sobre bruxas, e o mistério é algo que sempre fica na espreita, e quando a narrativa atinge seu clímax na noite das bruxas, a calmaria se transforma em um espetáculo visual, um show de te deixar na ponta da cadeira.
Kinoko Nasu é um mestre em escrever histórias desse tipo, sempre proporcionando uma experiência única e diferenciada. Algo cinemático, quase como se estivéssemos diante de um espetáculo teatral deslumbrante, que se desenrola diante dos nossos olhos. É uma experiência verdadeiramente mágica.Se você tem interesse nas obras da TYPE-MOON e consegue se conectar com a essa atmosfera, Witch on the Holy Night é uma excelente visual novel e porta de entrada para esse universo.
Indicação de Guilherme Santos
Um Boomer Shooter Brasileiro feito na Id Tech 2 e provavelmente com orçamento de 5 salgados, 3 mineirinhos, 1 ousadia e 1 alegria.
Você é um morador da favela fã do canto Tim Mai… Digo, Mit Aia que decide fazer um ritual satânico para ressucita-lo… Mas deu ruim e você abriu um portal para o inferno, transformando a população do Rio de Janeiro em criaturas hediondas capazes de coisas terríveis, como matar inocentes e torcer pro Vasco. Na sua jornada para fechar o portal e corrigir seus erros, você vai contar com a ajuda de aliens como ET Bilu e outras figuras da cultura pop.
Aviãozinho do tráfico 3 é o que se chama popularmente de “jogo meme”. O titulo cômico e absurdo e toda a estética referenciando a cultura pop brasileira foi o que me fez jogar esse jogo.
A minha surpresa é que eu estava esperando um “clone de Quake” bem qualquer coisa mas com um humor bobo e divertido… E recebi o humor bobo e divertido como maior destaque, mas o jogo tem um design de fases legitimamente divertido.
O jogo foi feito na engine de Quake e, até pra acentuar um tom humorístico ele deixa algumas coisas num nível “jogado as coxas”. Aqui você vai ver mensagens em Comic Sans na parede pra dar instruções do jogo e contar o final do jogo e trilha sonora com música estourada. No meio de tudo isso eu sai bem feliz jogando esse jogo, que no momento atual dele, me durou 3h30. Dei genuínas risadas com referências ao estabelecimento Dois Irmãos, Fuleco, Carreta furacão, remix de músicas clássicas como Atoladinha…
Aviãozinho do Tráfico 3 é aquele tipo de jogo que senti uma certa dificuldade no começo, mas logo que você tem familiaridade com a fase e com os inimigos (Fofão, flamenguistas possuídos, o Vasco e mais) o jogo flui bem
A trilha sonora é bem divertida também, tendo músicas Royalite Free, coisas feitas pelo próprio desenvolvedor e coisas de artistas menores.
Pelo quanto o jogo custa e o que ele se propõe, é algo muito divertido e que vai lhe botar um sorriso no rosto, exceto se você for vascaíno.
indicação de Jean “Kei”
Eu fui pego de surpresa pelo anúncio de UFO 50. O jogo foi desenvolvido pelos criadores de Spelunky, Downwell e Catacomb Kids, veteranos na indústria de jogos indie. Além disso, a proposta me pareceu ousada: 50 jogos em 1.
Como um bom latinoamericano que cresceu jogando videogames nos anos 90, e que já se deparou com aqueles consoles e cartuchos com “milhares de jogos” (cof cof PolyStation cof cof), que nada mais eram que os mesmos jogos repetidos inúmeras vezes, é óbvio que desconfiei.
Comecei a jogar e fui surpreendido que os jogos são totalmente diferentes uns dos outros e são de fato jogos completos e complexos. Eles variam de duração, mas todos são experiências completas de jogo. Alguns mais curtinhos e outros maiores, como alguns de estratégia e RPG.
Essa coletânea é um parque de diversões de game design. Os jogos experimentam com diversos gêneros e apesar de alguns serem mais convencionais, como beat n’ ups clássicos e plataforma, alguns jogos são bastante experimentais.
O Golfaria por exemplo, é um adventure inspirado nos Legend of Zelda clássicos, mas você joga com uma bola de golfe. Você precisa “recarregar” o número de jogadas para poder continuar avançando no jogo e sua movimentação é basicamente por “tacadas”.
Outro jogo nada “dentro do padrão” Lords of Diskonia, um jogo de estratégia de fantasia medieval onde seus soldados são “discos”, parecidos com aquelas mesas de air hockey que existem em fliperamas. Os combates funcionam atacando os “soldados discos” inimigos.
Também achei muito interessante Bushido Ball, uma espécie de “tênis samurai”, onde os jogadores são guerreiros que possuem poderes especiais para criar efeitos na bola, dificultar a defesa do adversário, etc.
Outro adventure fantástico é Warptank, onde você controla um tanque de guerra que só pode se movimentar em linha reta pelas paredes das fases. Ou seja, é um adventure que acaba sendo também um puzzle.
E um detalhe: os jogos são desafiadores. Por enquanto ainda estou experimentando todos os jogos, mas pretendo retornar para alguns que eu gostei mais para finalizar. Mas o que já notei é que são jogos realmente bem elaborados e desafiadores.
E é bastante positivo que todos os jogos estejam disponíveis sem necessidade de desbloqueá-los de algum modo. Não gostou de algum jogo? Sem problemas, pode passar para o próximo.
Fora que o jogo tem uma belíssima estética de jogos retrô, e com artes bastante variadas. Pra quem curte game design, UFO 50 é um prato cheio para encontrar inspiração ou apenas se divertir com a variedade de mecânicas que os jogos exploram.
Indicação de Arthur Tayt-Sohn