Forza Horizon 5 é o Jogo do Ano de 2021 para Gabba Fernandes

Por Gabba Fernandes

A aventura mexicana de Forza Horizon 5 é um tanto catártica. Mas catártica no sentido de se tornar maior do que a soma de suas partes, algo muito mais vívido e refinado, ao melhor estilo noveau-riche que o um, o dois, o três e o quatro combinados. Não é culpa da localização, por mais que os diferentes biomas ajudem bastante, tampouco da quantidade de carros, que chegou a um nível obsceno. Ah, e não é pelos sistemas em cima de sistemas com seus unlocks generosos que parecem saídos de um jogo mobile.

Esse texto contém alerta de gatilho sobre saúde mental

A verdade é que, de forma objetiva, Forza Horizon 5 é um jogo muito bom, e apenas muito bom. Porém, é impossível desassociá-lo do mundo em que vivemos, e isso o torna meu jogo do ano pelo fato de condensá-lo como o zeitgeist da indústria no último ano. Melhor dizendo, Forza Horizon 5 é o meu jogo do ano por ser o Black Mirror dos videogames.

(esperava um dark souls dos jogos de corrida? aqui não)

Graças ao Gamepass, ao final de 2020 nos descansos da vida adulta e das Heists de GTA Online, Forza Horizon 4 se tornou uma bela opção para uma partidinha rápida. Bruno, um dos amigos do grupo, o típico elite gamer, estava sempre a frente do pessoal, não só nas corridas mas nos conteúdos e carros escondidos, nos auxiliava servindo de guia até as oficinas abandonadas. Provavelmente com uma aba de walkthrough no navegador, apesar de que isso não importa. Ficamos até as 3 da manhã jogando frequentemente, mesmo trabalhando no dia seguinte, naquele dezembro. Todos morávamos em cidades diferentes desde o término do ensino médio, e nos reuníamos ao final do ano, de forma quase que religiosa. Mesmo com a pandemia, nos resguardamos para poder nos encontrar como de costume. Não em 2020. Poucos dias antes de nos encontrarmos, perdemos Bruno para a depressão.

Corta um ano basicamente, e eu ligo o beta do Xbox Cloud Gaming para testar o novo Forza. Pá pum, o jogo entra direto, liso e bonito. Belo trabalho Microsoft. Eu passo a introdução com carros caindo com estilo, como diria Buzz Lightyear. Furacão, Check. Climão de festa de gente rica com uma galera alto astral, Check. Mesmo com o violãozinho de fundo,tentando passar a vibe de “canciones”, ainda é Forza Horizon. Já liberei uns 3 carros no tempo que pensei essa frase, definitivamente ainda é Forza Horizon.
Ok, vamos nessa corrida de estrada aqui.

Se você já jogou algum Forza, seja o Motorsport ou Horizon, já imaginou o que vai acontecer aqui: Obviamente eu fui cortado pelo Drivatar do meu amigo. Usando uma McLaren Senna oriunda do jogo antigo, do jeito absurdamente igual ele costumava fazer. Dando uma coladinha pela esquerda só pra mostrar que estava suficientemente mais rápido, mas sem jogar o carro em cima igual o RanDomName327 que a microsoft insiste em colocar do meu lado. Eu tinha minhas
críticas se drivatar realmente aprendia com os hábitos de direção dos jogadores, depois dessa, mesmo se por coincidência, prefiro acreditar no potencial do sistema

Não parei, busquei minha posição novamente, e a rivalidade com Bruno e o resto do grupo continuou como uma espécia de narrativa emergente como costumam chamar por ai. Não foi rever um amigo como eu gostaria, mas quanto mais eu jogava o infinito conteúdo do jogo, mais memórias vinham. Nunca será a mesma coisa, mas a verdade que em 2021, mesmo sem nos encontrarmos fisicamente novamente, eu tive sim uma reunião com o pessoal completo. Assim, quase que esgotei o conteúdo do jogo. Deixei passar justamente os carros escondidos, que nunca tive paciencia para buscar sozinho. Fetch Quest não me pega nem no FFXIV quem dirá em um jogo acelerado.

E passando a 200km/h Forza Horizon 5 me ressignificou um pouco o que um jogo pode ser, mesmo sem tentar. Ele não é perfeito, assim como 2021 foi longe de ser. Sua importância entretanto pode ser analisada por diverso olhares, e reencontrar de forma virtual um amigo, é apenas um dos possíveis. Videogames são incríveis mesmo, não?