Harvestella é uma das melhores surpresas do ano

Escrito por Pedro Ladino
Crítica

Quando Harvestella foi anunciado na Nintendo Direct algo me chamou a atenção nele, mas que não consigo explicar. Era um jogo de fazendinha, cujo eu não sou tão fã, mas com elementos de RPG de ação, ainda parecessem bem simples, e com foco em história. Os meses foram se passando e mais detalhes foram sendo divulgados e cada vez mais eu ficava interessado nele, além do claro de ser publicado pela Square Enix, que mesmo com tropeços, ainda é um dos grandes nomes do gênero.

O jogo finalmente foi lançado e eu só queria abrir esse texto dizendo que HARVESTELLA É ILEGALMENTE BOM.

COMO ASSIM A HISTÓRIA, ALÉM DE BOA, É O FOCO PRINCIPAL???

Aqui eu fui muito pego de surpresa. Sim, eu fui para o jogo querendo a história dele, mas esperava que ela fosse apenas uma desculpa para o resto dos sistemas existirem, eu não estava esperando que ela fosse legitimamente boa.

Mas qual é a sinopse?

Basicamente o jogador, cujo escolhemos o nome, eu fui com o padrão “Ein”, acorda em um mundo onde existe uma calamidade chamada de Quietus, que ocorre a cada mudança de estação. É um evento que mata colheitas e adoece pessoas sempre que ocorre. Após alguns acontecimentos, como a chegada de Aria, passa ser nosso objetivo achar uma maneira de acabar com Quietus.

Apesar do começo do game ser um tanto complicado, em outras palavras, ruim, ele começa a melhorar ao final da primeira dungeon, e começa a instigar o jogador. Após isso o jogo se abre e então ele começa a apresentar uma consistência no roteiro que eu realmente não estava esperando.

Harvestella traz temas sobre luto, questões sobre religião e fantasmas do passado, além de ter um pé em ficção cientifica, em especial em sua segunda metade. Até mesmo as sidequests, que enquanto os objetivos são bem ruins, possuem boas histórias. O game também soube muito bem utilizar o humor, e isso é algo que combinou com os modelos com poucas animações.

A parte de plantação é tão secundária ao ponto que posso afirmar que Harvestella é, sem sombras de dúvida, apenas um JRPG normal, que possui elementos de fazendinha e esse é 100% o motivo pelo qual o jogo me intrigou a partir do momento em que ele se abriu.

Gráficos ultrarrealistas e modelos super detalhados? Who cares

Tirando logo isso do caminho, Harvestella, para o público geral, é um daqueles “jogos feios” e de fato ele é meio feio, mas ao decorrer do jogo eu senti que isso é mais charme do que defeito. Os assests são simples, os modelos 3D meio genéricos, mas eles passam um sentimento de conforto que o jogo traz desde o começo e acho que bonecos mais detalhados removeriam essa sensação.

Mas enquanto os modelos e cenários “deixam a desejar”, a direção de arte nas cidades principais e dungeons parecem de outro jogo. Eu diria que juntamente a arte 2D de Yasushi Hasegawa e a trilha-sonora, a ambientação é um dos grandes destaques de Harvestella. Cada cidade e dungeon conseguem ser diferentes umas das outras. Claro, que há cenários onde o jogo parece ter pego emprestado assets genéricos de engine gratuita, mas nada disso tira o brilho.

E sobre os modelos eles são no mínimo engraçados em diversos momentos. A falta de expressão facial e animações truncadas realmente param de incomodar quanto mais você avança no jogo.

“Harve”-stella ou “Craft”stella

Aqui é a parte onde eu não possuo tanto conhecimento, como um não adorador de fazendinha, mas eu senti que a parte da fazendo em si é a pior em termos de conteúdo do jogo. Sinto que o único motivo pelo qual ela existe é por conta de temática das Sealights serem para cada estação do ano e, bom, arranjar dinheiro. Você utiliza muito mais as suas invenções da área de crafting do que você colhe.

Mas não é todo mal pois não é algo que tomava muito do meu tempo, literalmente no caso de Harvestella, e completar os objetivos das fadas foi um bom passatempo, além de aumentar meu inventário de crafting. Porém acredito que aqueles que estavam esperando algo na linha de Harvest Moon, Stardew Valley ou até mesmo Animal Crossing, devem se decepcionar nesse quesito. O tempo diário do jogo foi algo que não gostei, mas isso entra naquele ponto de eu não gostar do gênero em si. Achei que os dias acabam rápido demais.

Complementando a parte Life Sim de Harvstella temos o sistema de Closeness com personagens que conhecemos durante a história. Aqui é onde desenrola o desenvolvimento desses personagens e é um dos fortes do jogo.  Algumas histórias são melhores que as outras, mas no final eu me senti bem satisfeito, e a melhor parte é que você consegue jogar todas as partes das histórias, não é algo perdível ou que dependa somente de fazer no dia em que foi liberado.

Por fim, entre os sistemas principais do jogo, temos o combate. Apesar de ser simples em diversos aspectos, muito por conta de animação limitada dos modelos, o combate é muito funcional e traz uma variedade para cada Job. São ao todo 12 Jobs disponíveis para serem jogados, sendo 10 liberados ao fazer a campanha principal e dois extras que o jogador precisa cumprir alguns objetivos.

Música em seu mais fino estado

Que japoneses são lendas em questão de compor trilha-sonoras, todos sabemos. Aqui não foi diferente, Go Shiina é um monstro sagrado. De lo-fi à orquestra, Shiina trouxe um catálogo bem eclético A trilha-sonora de Harvestella é sublime. Inclusive, algumas das músicas me lembraram de Keiichi Okabe em NieR: Automata.

Fica ai também o destaque para o baixo, que é um dos meus instrumentos favoritos, e pessoalmente amei como ele se mostrou bastante notório em diversas músicas da trilha-sonora. Por favor, Square Enix, não demore para lançar o álbum no Spotify.

Queria destacar também que o suporte a mouse e teclado do game é ótimo ao ponto de eu preferir jogar dessa maneira do que com controle, o que para mim, um consolista nato, foi uma surpresa.

Harvestella não entrega o farm sim que ele promete, o que é um dos seus grandes pontos positivos, mas traz um dos RPGs mais consistentes da era recente da Square Enix.

Nome do jogo:

Harvestella

Publisher:

Square Enix

Desenvolvedora:

Live Wire

Plataformas Disponívies:

PC, Nintendo Switch

Nota: 9

Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge