Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge
Kamiwaza: Way of the Thief é um jogo originalmente lançado no Playstation 2 desenvolvido pela Acquire, a mesma empresa que faz a série Way of the Samurai. O jogo até então só estava disponível no japão, sendo acessível no ocidente só agora pela NIS America.
Tal qual seu primo distante, Kamiwaza foca em fazer as ações do jogador terem consequências visiveis no ambiente. Aqui, muito do que você vai fazer ou deixar de fazer vai gerar alguma consequência no mundo ao seu redor.
O jogo é mais ou menos histórico. No caso, o jogo tem algumas referências históricas precisas do período Edo, mas também toma liberdades. Aqui estamos num momento de extrema desigualdade no período Edo. A maior parte da população está numa situação de pobreza. Dentro desse contexto de pobreza, surgem os “bandidos honrados”, que roubam apenas de pessoas ricas e distribuem para os pobres.
O protagonista do jogo é Ebisu, um “bandido honrado” que após ver seu grupo de bandidos trair seu “código de honra”, desiste da vida de ladrão e se torna um carpinteiro enquanto cuida de sua filha adotiva.
Acontece que sua filha é acometida por uma doença e os remédios são caros demais, então Ebisu se vê obrigado a retornar sua vida como um ladrão.
Há dois pontos de grande destaque na jogabilidade. O primeiro é como as mecânicas do jogo mesmo sendo um tanto esquisitas, conversam supreendentemente bem.
Onde e quem você roubar afeta sua reputação na cidade. Se você roubar vilarejos e comércios humildes, sua reputação com a população cai e pessoas irão constantemente fugir, serem agressivas e chamar guardas até você. Caso você roube de pessoas ricas e corruptas e devolva os bens para os moradores, você será cumprimentado na rua e pessoas arrancarão cartazes de procurado seus.
Você pode escolher entre roubar e distribuir para os pobres, ou vender o que roubou e obter dinheiro. Cabe a você equilibrar a ideia de ser ou não um bandido honrado com a necessidade de cuidar de sua filha. Constantemente você tem que visitar sua casa e cuidar de sua criança, e ela pode melhorar ou piorar aos poucos, acarretando em certas cenas e finais diferentes.
O jogo tem múltiplos finais e a forma de obtê-los é obtusa, sendo necessário brincar com as várias possibilidades que o jogo entrega para descobrir todos.
Bem, esse é um jogo curioso. Apesar de ser um jogo stealth, sua mecânica de ficar escondido funciona de forma muito diferente e única…E um tanto ridícula também
Os personagens são propositalmente burros e cegos, te dando brecha pra jogar de forma rápida. E, principalmente, o jogo te apresenta um sistema chamado Just Stealth.
O que é esse Just Stealth? É um sistema onde se você for visto, o jogo fica um segundo em câmera lenta e você pode apertar um botão para fazer uma acrobacia e se esconder, e se apertar imediatamente, vai se esconder tão rápido que o oponente nem perceberá sua presença.
Bem como a forma mais rápida de invadir lugares é sair na frente de frente mesmo e meter acrobacias, o jogo incentiva isso com pontos. Cada coisa que você rouba te da pontos de estilo, mas roubar sem o sistema Just Stealth pode ser complicado.
Tudo nesse jogo tem uma “barra de HP” e você ao roubar algo, “bate” no item e vai baixando essa barra, o que pode ser demorado. MAS caso você tenha feito um just stealth, vai roubar o item com um hit. Além disso, o jogo tem um sistema de pontuação que multiplica conforme você usa o Just Stealth, e essa pontuação pode ser trocada por mais habilidades e itens.
Esse sistema faz o ato de ser furtivo no jogo ser completamente diferente do esperado e até divertido.
O jogo não faz questão nenhuma de esconder que é uma galhofa. Os movimentos com o sistema Just stealth são exagerados, você pode chutar sua bolsa nos outros, o jogo te incentiva te dando pontuação a mais se ao invés de entregar os itens roubados para a comunidade, chutar a bolsa pro cesto de doação como se fosse uma bola indo em direção ao gol. Apesar de ter momentos dramáticos e sérios, boa parte dos diálogos e personagens são excêntricos.
Apesar de ter ideias únicas e interessantes, e jogo comete algumas falhas graves.
O jogo tem lutas contra chefes, que envolve esquivar dos golpes e rouba-los até eles ficarem sem nada durante a batalha. E, absolutamente TODAS as lutas são ruins. Eu quase desisti do jogo no último chefe de tão quebrado que ele é.
Ele é um jogo originalmente de PS2, e mesmo pra época, os gráficos eram meio datados. O jogo pode acabar ficando repetitivo demais também, e pra um jogo que te incentiva a explorar tudo e ver todos os finais, isso é um problema.
Também tive problemas com câmera, mas não foram tantos.
Kamiwaza é um jogo que não tem medo de ser ridículo, tem sistemas integrados com a narrativa de maneira interessante e tem muito charme e personalidade, mas se for jogar, lembre que é um remaster de um jogo de Playstation 2 que tem diversas questões mal polidas e pode acabar sendo repetitivo. Se os problemas não te incomodarem, tem um jogo muito interessante para se encontrar.
Kamiwaza: Way of the Thief
NIS America, Acquire
Acquire
PC, Playstation 4, Nintendo Switch