Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge
Megaman Battle Network é uma franquia que tenho muito carinho. O terceiro game foi o segundo jogo de Game Boy Advanced que joguei, inclusive. Num primeiro momento, tive a frustração de pensar “esse não é o Megaman que eu conheço”, mas logo depois me toquei que era um RPG muito divertido e com um sistema de batalha interessante, o que me fez querer jogar os anteriores e os posteriores quando lançassem.
Acredito que essa tenha sido a experiência de muitas pessoas com Battle Network, de a principio olhar com uma certa estranheza, mas logo depois encontrar algo bem charmoso aqui.
Megaman Battle Network são jogos de RPG com um sistema de batalha baseado em grid e com cartas (no caso, chips). Aqui, você tem um campo de batalha onde metade é seu e metade é dos inimigos, você tem seu Mega Buster que dá tiros fracos e tem munição infinita e também de tempos em tempos escolhe “cartas do seu deck” (chips da sua pasta) que realizam ações específicas, desde ataques diretos até roubar área do oponente.
O protagonista dos jogos é Lan Hikari (Light hehe), um garoto de 10 anos que possui Megaman como seu PET (PErsonal Terminal).
No mundo do jogo, absolutamente tudo está conectado via rede, e a maneira que pessoas interagem com seus eletrônicos no dia a dia é através de seus “Terminais Pessoais”, que são funcionam como um mini computador que se conecta a tudo, e ao se conectar têm uma facilidade ultra simples de alterar a programação daquilo com que interage.
Nesses PETs, existe uma espécie de assistente virtual que representa todas as ações que o aparelho faz, e também pode batalha. E é aí onde o Megaman entra.
A estrutura dos jogos, principalmente dos primeiros, é um tanto episódica. Lan é uma criança que vive numa cidade pequena e tem uma rotina, e muito da história acontece durante essa rotina, logo de cara tem uma organização maligna que quer dominar o mundo, que a priori são tratados como obstáculos dentro da rotina do protagonista. No começo do primeiro jogo o fogão da sua casa pega fogo porque o vilão botou um vírus no fogão de toda vizinhança, por exemplo. A história se intensifica em alguns momentos e tem pontos mais cruciais, mas onde os seis jogos pegam mesmo, é na familiaridade.
Como a maior parte da série envolve os mesmos personagens, nos mesmos lugares e dentro das limitações da vida de uma criança, você acaba criando uma familiaridade e aconchego por aquele mundo.
O primeiro jogo tem alguns problemas por ainda não ter ideias tão bem consolidadas e algumas coisas mal resolvidas, mas conforme os jogos vão passando, tanto a história quanto o combate vão se encontrando e melhorando.
Então, a coletânea é decente. Quando abrimos somos agraciados com um Megaman 3D falando com você em todas as opções do menu, e por incrível que pareça isso é mais charmoso do que irritante. Temos uma galeria com artworks dos jogos e os jogos em si estão bem portados.
A única coisa que não me anima muito é que são ports muito “crus”. Só temos opção de ligar ou desligar um filtro muito feio e normalmente esses ports adicionam pequenas qualidades de vida, como save state, auto save, alterar encontros aleatório, porém aqui não temos nada disso, apenas uma opção de trapaça chamada “Buster Max” que faz seu megabuster dar 200 de dano.
Essa opção de trapaça é legal quando você já jogou os games e quer só dar uma rápida revisitada em um título específico ou está de saco cheio da curva de dificuldade estranha do jogo (as vezes ele fica muito fácil, as vezes muito difícil do nada), mas sinceramente, botão de acelerar, autosave e poder mexer na taxa de encontros já resolveria muito essas questões.
Com um port desses, o maior valor da Legacy Collection é o fator da preservação e manter esses jogos acessíveis de forma oficial. Battle Network é um jogo bem único e pouca gente replicou, então tem pouca coisa “datada”, mas o pouco que tem não tem muito como se contornar.
Megaman Battle Network Legacy Collection
Capcom
PC, Playstation 4, Playstation 5, Nintendo Switch