Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge
Ys Memoire: Oath in Felghana é o remaster do remake de Ys III: Wanderers of Ys para as plataformas modernas. Antes apenas disponível no PC e PSP, o jogo lançado originalmente em 2005, chega para os usuários ocidentais de Nintendo Switch, PlayStation 4 e PlayStation 5.
Adol e seu fiel companheiro Dogi, seguiam normalmente sua jornada, até que começam a escutar rumores de que coisas estranhas estão acontecendo na região de Felghana, onde Dogi morou até 8 anos atrás onde decidiu partir em uma viagem. No caminho eles encontram uma cartomante que revela que Felghana passará por maus bocados.
Oath in Felghana para mim é o mix perfeito entre história e gameplay em um jogo Ys, algo que foi se perdendo ao longo do tempo, com jogos mais longos. Isso não quer dizer que eu não goste dos títulos mais recentes, inclusive tenho dois deles como meus favoritos, mas Oath in Felghana sintetiza o que para mim é a fórmula perfeita que a franquia.
Além de que o jogo é bem curto, eu já havia o jogado anteriormente, inclusive eu rejoguei recentemente para um projeto aqui do Game Lodge então eu sabia como me locomover e encontrar as coisas todas, e isso deu em torno de 10 horas, algo inimaginável para Ys moderno.
O gameplay é ótimo, a história é simples e não se alonga, o level design não é nada convoluto e, mais importante, o mundo é tão compacto que você se vê rejogando ele várias e várias vezes.
Desde que joguei Ys X: Nordics eu comecei a notar mais nas conexões que os jogos têm entre si e como o remake tenta abraçar a lore iniciada em Ys VI, e é legal pegar algumas dessas referências que podem parecer jogadas, mas são bem interessantes no grande escopo.
Wanderers of Ys era um jogo sidescroller e enquanto Felghana mantém muito de Ark of Napishtim, a Falcom deu um jeito de transportar um pouco dessa vibe em várias das fases do jogo. A grande diferença entre Oath in Felghana e o jogo anterior é que aqui não temos itens que podem ser utilizados durante a exploração, os inimigos agora dropam itens que variam entre boost de força, defesa, etc. Além disso, se você continuar o seu combo ao derrotar inimigos, você pode alcançar um bônus de experiência que dobra o valor de experiência adquirida, o que faz o grind ser menos cansativo.
A versão Memoire é basicamente igual às versões anteriores, porém aqueles que apenas jogaram no PC irão perceber algumas diferenças na jogabilidade, e isso é porque o jogo é baseado na versão de PSP de Oath in Felghana, então ele é bem mais fácil, sendo menos punitivo e trazendo alguns extras que ajudam na jogabilidade, como por exemplo o No-Fall, que impede que o jogador caia no buraco e tenha que percorrer todo o caminho novamente, está liberado para todas as dificuldades, e não apenas no modo fácil.
Logo de cara, vamos falar dos visuais. O jogo possui novas artes, tendo o estilo artístico original podendo ser utilizado sempre que quiser. A arte foi feita por um novo artista interno da Nihon Falcom, cujo não sabemos o nome, pois é a Falcom, então a comunidade apenas os nomeou de “NeoFelghana Artist”. Eles apareceram pela primeira vez em 2020, nos créditos de Trails into Reverie e foi aparecendo aos poucos nos títulos mais atuais, sua arte pode ser encontrada em Trails through Daybreak II, Ys X: Nordics e, mais recentemente, Kai no Kiseki.
Admito que quando vi pela primeira vez no final de 2022 eu senti certa estranheza e preconceito, pois gosto muito da arte original, mas conforme o tempo foi passando e novos jogos com esse artista foram aparecendo, eu comecei a criar gosto e um dos meus passatempos favoritos em novos jogos da Falcom é ver essas artes.
Agora sobre o jogo em si, os modelos da nova versão são bem inferiores aos da original de PC, estão borrados, parece que apenas esticaram, algo que ocorre em todas as versões modernas do jogo.
Algo que reparei na versão de PlayStation 5, e assumo ocorra também na de PS4, é que os assets do jogo, por mais que estejam em HD, dá para se notar uma rachadura entre eles, como podem ver abaixo:
Procurando vídeos da versão japonesa de Switch, confirmei que é algo que também ocorre lá. Eu estava pronto para culpar o Studio Artdink por isso, devido ao histórico dos mesmos, mas isso veio da própria Falcom.
Screenshot retirada do canal sayak@ no YouTube
Enquanto a versão de Switch foi feita internamente pela Falcom, as de PS4 e 5, lançadas mais de um ano depois, foram terceirizadas para a mesma empresa que portou a duologia Crossbell (entre outros títulos da Falcom) para PlayStation 4 e fez um trabalho porco. Ao menos nada aqui machuca os olhos, mas não dá para desver as rachaduras depois que você as percebe.
De resto, a única coisa que de fato me incomodou foi que os balões de fala ficaram enormes, acho que apenas esticaram a imagem sem redimensionar para telas maiores. Isso é algo que igualmente aconteceu no port de PS4 de Memories of Celceta, também feito pela Artdink.
Outra adição presente nessa versão é o modo turbo. Eu sinceramente achava algo desnecessário, mas nossa, como é bom para grindar e fazer backtracking antes de liberar a viagem rápida. Só não tentem enfrentar chefes com ela, senão desastres ocorrerão.
A localização do jogo é exatamente a mesma das versões de PC e PSP, nada mudou. Memoire adiciona vozes ao Adol, que substituem o Narrador, mas o texto ainda se mantém como se fosse alguém falando pelo Adol, enquanto o personagem em si fala poucas linhas. Também há opção de manter o Narrador, o que é algo bem positivo.
Acredito que essa é a primeira vez que a dublagem japonesa está disponível no Ocidente de maneira oficial, antes era somente possível utilizava através de mods ou baixando uma versão Undub do jogo.
Eu mencionei anteriormente que o jogo é mais fácil que a versão de PC e isso pode ser notado já na Zone of Lava, que costuma ser o primeiro filtro do jogo. Os chefes quase não dão dano, o loot dropado pelos inimigos são quase sempre ervas que regeneram HP e se por acaso você morrer durante a exploração, você não volta do save point e sim da tela onde você estava.
Os movesets dos bosses e mobs são os mesmos, nada foi alterado, o jogo é apenas menos punitivo. Não é algo que necessariamente estrague o jogo, mas Oath in Felghana é conhecido por ser o mais difícil da franquia e isso acaba se perdendo aqui.
Dito isso, ainda é o melhor jogo da franquia. Eu simplesmente amo esse jogo, acho tudo nele certinho e bem equilibrado. Jogabilidade, música, duração, personagens, que mesmo que não sejam profundos ou super bem elaborados, como os jogos mais recentes, funcionam muito bem para aquilo que ele se propõe e o enredo é competente.
Eu recomendo essa versão? Olha, sinceramente falando, a não ser que você seja um grande fã de Ys ou tenha aversão a jogar no PC, eu não recomendo não. Não acho que nova arte, modo turbo e 10 falas do Adol sejam realmente necessárias para aproveitar o jogo. A versão de PC de Oath in Felghana quase sempre entra em promoção (tirando nesta última sale que “coincidentemente” não entrou), e é bem mais barata do que pagar preço cheio na versão de console.
Mas ignorando tudo isso, é um jogo que eu recomendo sem dúvidas alguma.
Ys Memoire: Oath in Felghana
Xseed Games
Nihon Falcom, StudioArtdink
Playstation 4, Playstation 5, Nintendo Switch