Redfall: Um relato do que poderia ter sido

Por Silvio Diaz

É importante deixar claro que isso não é uma crítica a Redfall. Recebemos o jogo apenas na sexta-feira antes do lançamento, não pudemos experimentar o online do jogo ainda e não estamos nem perto de terminar a campanha. Entretanto, existem pontos a serem falados sobre ele e para exemplificar, contarei um pequeno relato meu com o novo jogo da Arkane.

Redfall é um jogo de mundo aberto com immersive sim. Em primeira pessoa, o jogador precisa explorar essa cidade com o mesmo nome do game na missão de, não apenas sobreviver a uma invasão de vampiros, como também achar uma maneira de acabar com esse ataque. 

Mesmo tendo o mundo inteiro para ser explorado, é possível pegar apenas uma missão principal por vez. Dessa forma, o jogador precisa constantemente voltar para sua base principal (é possível fazer uma viagem rápida ao local) e pegar uma nova missão enquanto tambem pode trocar recursos por armas e diferentes itens. 

Com essa estrutura, trago um pequeno momento meu com o jogo.

Meu Relato

Eu já havia morrido algumas vezes na tentativa de chegar na área de uma missão principal. O jogo não é dificil, algo que até o momento se tornou um problema e alterar para dificuldade máxima, disponível antes de terminar a campanha, não funcionou, mas jogar no Steam Deck sem muita atenção acabou se tornando mortal em Redfall

Todas as vezes que morremos, voltamos para a base mais próxima, caso não tenha encontrado algum refúgio perto de onde morreu, o jogador é levado de volta para a base principal e precisa caminhar por todo o mapa novamente. Quase como se o mundo aberto fosse mais um castigo a ser temido na morte do que um incentivo a exploração. 

Como precisava repetir meus passos, sempre tentava um desvio diferente, algo que pode até ser positivo dependendo da sorte de encontrar algo diferente ou não. Dessa vez, eu só queria chegar no meu objetivo, então casas com possíveis entradas, acampamentos de trailers e locais exploraveis não me chamaram atenção.

Nessa sede por só terminar a missão, eu me encontrei em uma posição interessante. Eu estava sem itens de cura e não demorou para que minha vida estivesse pela metade, a inteligencia artificial dos humanos do jogo é terrivel, mas vampiros tem ataques a distancia ou até mesmo podem te pegar de surpresa. 

Redfall personagem

Entretanto, o ponto aqui é que por estar com pouca vida e nenhuma maneira de se curar, eu experienciei o que talvez poderia ser esse jogo com uma dificuldade interessante. Eu tive real medo de morrer, obviamente, por não querer fazer aquele caminho novamente, mas por alguns minutos, funcionou.

Quando estamos próximos de vampiros, eles falam sobre estarem sentindo sua presença de uma maneira aterrorizante. O clima de Redfall é interessante para algo ligado ao terror e sons das criaturas, misturados com a trilha criam algo com muito potencial para a temática. Nesse momento, eu estava muito atento, preocupado com cada movimento e tentando escolher os melhores caminhos para não morrer. 

Foi a primeira e única vez que o lado immersive sim de Redfall funcionou no periodo que joguei e infelizmente foi um momento extremamente rápido. Não demorou nada para que eu tivesse itens de cura novamente, e com a vida cheia, só me bastou coragem para matar diversos inimigos, humanos e vampiros sem me esconder e nem mesmo precisar me curar. 

Já no começo de Redfall, eu tenho armas que com um tiro matam vampiros, os humanos as vezes estão na minha frente e não atiram. Eu não explorei muito da cidade, na real, até estou evitando para ter algum tipo de dificuldade, mas isso só aconteceu nesse pequeno momento. 

Ficou claro que eu só tinha morrido antes por não estar jogando com atenção. Bastou eu focar no jogo e não precisei mais achar caminhos diferentes, me preocupar em melhorar habilidade ou até mesmo usar as que meu personagem tem. Tudo até o momento foi facilmente resolvido entrando pela porta da frente e atirando em tudo e todos.    

Essa facilidade chegou em um ponto que parecia até ser um bug. Em um momento da mesma missão, uma personagem pede para que os seus capangas me ataquem, o que aconteceu foi um absoluto nada. Os poucos inimigos ainda vivos continuaram andando normalmente e eu só precisei dar um tiro na cabeça deles para “resolver” a situação que não existiu. 

O poténcial de Redfall

É uma pena, pois é fácil ver potencial em Redfall, o tempo todo ele foi comparado com um “Left 4 Dead de Vampiro”, mas ele está muito mais próximo de um State of Decay. Lugares pra explorar, uma base com diversas missões, até ninho de vampiros aparecem pelo mapa e exigem que o jogador se preocupe em resolver logo para que não se tornem um problema maior. 

Ao mesmo tempo, pela falta de complexidade mecânica e opções, Redfall acaba parecendo em diversos momentos, um Left 4 Dead vazio. Com o lado  immersive sim esvaziado pelo quão fácil é não tentar um caminho diferente, o jogo se torna apenas um passeio misturado com atirar em gente e vampiro sem nenhuma emoção. 

Eu me questiono de verdade como vai ser jogar online e chegando no lançamento irei testar para ver como todo esse processo funciona, pois até o momento, só consigo imaginar um grupo jogando e não tendo muito o que fazer pelo quão fácil é só resolver tudo com poucos tiros. 

Conclusão

O novo exclusivo de Xbox poderia ser melhor com uma dificuldade maior? Provavelmente, tematica, level design e mecânicamente, Redfall é mais do que competente, mas nada disso é estrutura suficiente para o tornar um jogo que dá vontade de continuar.

Redfall personagens

Na real, ele parece um jogo perdido, uma mistura de ideias e mecânicas que não precisavam de muito para conversar, mas no meio algo foi perdido. O tempo todo é fácil ver os potenciais, as ideias que poderiam funcionar se tivesse um algo à mais, é como se estivessemos jogando um Early Access, que infelizmente não é o caso.

Redfall até o momento tem sido uma verdadeira decepção, eu estava curioso em ver a Arkane testando o mundo aberto e o online com as suas mecânicas já muito bem conhecidas e polidas, mas no fim das contas, as novidades não entregam muito e o que já era bom, não funciona tão bem. Uma verdadeira estranheza para um estúdio tão competente.