VEM AÍ! A Steam Next Fest é uma oportunidade de testar demos de jogos que serão lançados em breve, ou não tão breve assim. Então pensei: por que não ver o que nossos queridos devs brasileiros andam aprontando por aí?
Confiram com a gente alguns jogos que tive a oportunidade de jogar e ter algumas primeiras impressões.
O primeiro jogo é uma parceria entre o músico, pesquisador, artista, VJ, fazedor de jogos e… rapaz, como esse cara trabalha hein!
Mas enfim, o recifense gools se uniu com a publisher brasileira Time Galleon, especializada em jogos narrativos. Nesse jogo, seu maior desafio é… fazer o tempo passar.
Century of Anticipation explora a ansiedade de ficar trancado em casa, um sentimento que muitos de nós tivemos em um dos momentos mais difíceis das nossas vidas, a pandemia da COVID-19. A nós que sobrevivemos, restaram as lembranças dos entes queridos que se foram e histórias pra contar.
A demo é bem curtinha mas já mostra que o jogo conta com um texto bastante afiado e com uma pegada de abstrações que eu gosto bastante. Ele me conquistou na inspiração acidental em The Enigma of Amigara Fault, uma das minhas histórias preferidas do Junji Ito. O desenvolvedor do jogo explicou depois que tudo não passou de uma coincidência. Uma feliz coincidência, eu diria. Coisas que só a arte pode proporcionar.
Ah, e depois que finalizar a demo do jogo você pode rejogar com os comentários em áudio do próprio desenvolvedor, explicando um pouco das suas referências. Vale muito a pena.
Desenvolvido por: gools, Time Galleon Distribuído por: Time Galleon
Olha, se tem uma coisa que eu tinha muita vontade, era de ser uma mosca pra ver uma reunião do estúdio OTA IMON pra saber de onde saem tantas ideias malucas. E como eles conseguem fazer isso dar certo.
Após Wolfstride, um jogo narrativo com brigas de mechas (aqueles robozões que eu sei que você gosta, seu otaku), que tem artes incrivelmente lindas e um texto muito bem-humorado, os brasileiros da OTA IMON agora se arriscam em um jogo deckbuilder, também conhecido como jogo de cartinha.
Mas não é só isso, o jogo também é uma space opera roguelike onde você viaja em uma nave planeta chamada Baby Violence e deve colonizar planetas para encontrar um novo lar para a humanidade. Mas como para o estúdio o normal não serve, esses planetas são seres sencientes e vão revidar. Tá em choque, colonizador safado?
E lógico, tudo isso com uma arte extravagante e muito, muito linda. Sério, eu gosto bastante como os jogos do estúdio têm muita personalidade. Aquele tipo de arte que você bate o olho e já sabe exatamente quem fez.
Desenvolvido por: OTA IMON Distribuído por: Raw Fury
Sabe aquela história de que a moda é cíclica e as tendências sempre retornam a cada 20 ou 30 anos? Bom, se você tá ligado no que rola em grandes centros urbanos já deve ter notado que os mullets voltaram.
Mullet Mad Jack traz de volta as tendências da moda e te coloca dentro de um anime dos anos 90. Distopia cyberpunk, muito neon, músicas synthwave e gente rica pra matar. Isso tudo conversando com questões sociais dos dias de hoje.
Em um mundo onde as pessoas se fundem com a internet, você tem 10 segundos de vida e precisa de cargas contínuas de dopamina para sobreviver. Como um “Moderador”, você deve entrar em sessões de live streaming apenas para trucidar os “Robilionários”.
Esse é outro jogo que se destaca pela sua apresentação visual. A abertura desse jogo é simplesmente incrível e me deixou com um sorriso de orelha a orelha. Além disso, ele tem uma gameplay bastante frenética e que é muito divertida.
Pensem num Hotline Miami, mas ambientado numa live da Twitch infernal onde o que te mantém vivo são os likes dos usuários que vibram cada vez que você mata alguém. Bom, talvez não soe tão bem assim brincar com esse tipo de distopia, já que bilionários costumam gostar da ideia de torna-las reais.
Enquanto assistimos em tempo real o colapso ambiental e do capitalismo, aproveite os seus 10 segundos nesse jogo que me surpreendeu bastante.
Desenvolvido por: HAMMER95 Distribuído por: HAMMER95, Epopeia Games
Uma das grandes surpresas dos últimos meses, Deathbound chamou muita atenção por conta de um vídeo que viralizou na internet, de um lutador de capoeira gingando em um jogo soulslike.
Se isso por si só já era surpreendente, descobrir que era um jogo brasileiro foi ainda melhor. Por conta disso fiz questão de testar a demo desse jogo e ver se não era algo bom demais pra ser verdade.
Devo dizer que fiquei surpreso com o jogo. É sempre complicado criar jogos inspirados nos jogos da From Software porque, bem, eles são excepcionais no que fazem. Mas Deathbound não me decepcionou.
O jogo conta com sistemas interessantes, como a possibilidade de trocar de “avatares”, algo parecido com Mortal Shell, mas aqui você pode fazer isso em tempo real e pode “equipar” até quatro personagens diferentes. E o jogo também conta com um sistema de sinergia interessante, onde você combina os personagens e consegue alguns bônus, abrindo possibilidades de builds que se adequem ao seu estilo de jogo.
Cada um dos personagens tem estilos muito distintos de combate, o que dá ainda mais variedade ao gameplay. Além disso, o jogo me surpreendeu por estar bastante polido para uma build pre-alpha.
Deathbound é um jogo bastante promissor e que estou ansioso para jogar a versão completa.
Desenvolvido por: Trialforge Studio Distribuído por: Tate Multimedia
A Mad Mimic foge da abordagem mais extravagante de Dandy Ace e parte para uma experiência mais narrativa. Além disso, esse é mais um jogo soulslike, que pelo visto é um gênero queridinho dos brasileiros. Eu pelo menos gosto bastante.
Em Mark of the Deep, você é um pirata que precisa explorar uma ilha desconhecida em busca de sua tripulação perdida. O estúdio brasileiro agora experimenta com um jogo mais linear, na direção oposta do título anterior que era uma experiência mais roguelike.
A jogabilidade dele me lembrou Death’s Door, com um combate mais cadenciado e exploração que é inspirada em jogos metroidvania. Um ponto que podem melhorar é a arte dele. Particularmente acho que o Dandy Ace tem uma identidade visual melhor, mas também é cedo pra avaliar por ser uma demo de um jogo que ainda está em desenvolvimento e tem bastante espaço para evolução.
Um ponto que achei bastante positivo é o foco em narrativa, com múltiplos finais. Tenho gostado que desenvolvedores brasileiros estejam empenhados em também contar histórias e isso é algo que espero ver com mais frequência na nossa indústria.
Desenvolvido por: Mad Mimic Distribuído por: Mad Mimic
E por falar em contar histórias, The Posthumous Investigation foi uma das grandes surpresas que eu tive esse ano. Isso porque o jogo é inspirado em Memórias Póstumas de Brás Cubas, um clássico de Machado de Assis, um dos mais importantes escritores brasileiros.
Ambientado no Rio de Janeiro da década de 30, você assume o papel de um detetive que recebe um trabalho do próprio Brás Cubas, que busca descobrir o responsável pelo seu próprio assassinato. Vê se São Paulo tem isso, né?
Para isso, o jogo busca referências nos clássicos adventure de exploração e investigação, também explorando o conceito de loop temporal, fazendo com que você fique preso sempre no dia da morte de Brás. Conforme você coleta mais pistas, vai otimizando sua investigação de forma que consiga solucionar o caso o mais rápido possível, ou seja, naquele mesmo dia.
O jogo também conta com uma excelente arte, além de referenciar momentos políticos e sociais do Brasil dos anos 30. Outro jogo com bastante potencial e que aproveita a nossa riquíssima literatura em uma linguagem tão única quanto os videogames.
Desenvolvido por: Mother Gaia Studio Distribuído por: Mother Gaia Studio
O Steam Next Fest acontece até o dia 12. Você ainda pode experimentar esses e mais outros jogos. O evento esse ano está com uma seleção de jogos incríveis e os desenvolvedores brasileiros também trouxeram títulos muito interessantes.
Ah, e não se esqueça de incluir os jogos na sua Wishlist. Isso ajuda muito os desenvolvedores.