TOP 10 Trilhas Sonoras de Silent Hill

Escrito por Colaborador
Opinião

Texto escrito pelo colaborador Mateus Carvalho.

Com Silent Hill de volta, é hora de olharmos para trás e revisitarmos talvez o elemento mais importante e eterno da franquia: sua música.

Ranquear músicas nunca é fácil, especialmente em se tratando de uma franquia tão rica quanto a franquia da Konami. De qualquer forma, fiz o meu melhor para organizar as faixas que eu acredito serem minhas favoritas. Tenham em mente algumas coisas, porém: eu não jogo a maior parte desses jogos já há algum tempo, então é possível que alguma canção de algum momento impactante não tenha me pegado tanto quando sentei para fazer essa lista. Além disso, levei mais em consideração as faixas isoladamente do que o contexto em que elas estão no jogo.

10 -Not Tomorrow 4 [Silent Hill Origins]

Se Akira Yamaoka deve sua carreira à um movimento musical específico, esse certamente é o rock industrial. E não é por menos: a sujeira nítida constrastada com as batidas robóticas são uma base perfeita para o desconforto que poucas franquias conseguem passar tão bem quanto esta.

Silent Hill Origins busca ressignificar muita coisa presente no primeiro jogo da série. Se os resultados são positivos ou negativos vai de cada um, mas é inegável que Yamaoka, com quase uma década a mais de experiência, dá um próximo passo natural em relação à trilha do clássico de 1999. Mais confortável em criar uma paisagem nitidamente agressiva e claustrofóbica, assim como em esgueirar os pequenos passos das notas de piano que guiam o ouvido do espectador, esse é um desses casos.

9 – A Stray Child [Silent Hill 3]

Cada instrumento, cada virada musical, e cada sensação que Stray Child quer passar é introduzida de maneira extremamente lenta. Sente, ouça com atenção e mastigue cada novo elemento que a música lhe apresenta. Nesse sentido, é a faixa mais paciente de Yamaoka.

E por mais simples que possa parecer, existe sim muita riqueza aqui. Em uma mesma faixa, Yamaoka consegue fazer sua ambiência soturna e ansiosa ao mesmo tempo que consegue converter as duras batidas industrial em um ritmo de trip-hop hipnotizante. Não é exatamente impactante, mas é certamente memorável.

8 – The Book [Silent Hill: Book of Memories]

Enquanto é fácil exaltar Akira Yamaoka e apenas Akira Yamaoka quando o assunto é “trilha sonora de Silent Hill”, créditos também precisam ser dados a Daniel Licht, compositor veterano responsável pelas músicas de ambos Downpour e Book of Memories.

Por menos sutil que o artista seja em relação á Yamaoka, uma coisa é inegável: Nenhuma outra música de Silent Hill utiliza os canais de som de maneira tão direta quando The Book e, por mais rica que seja a composição, há também um esforço consciente em deixar tudo muito bem explícito e na cara do ouvinte. E por pior que o jogo em si seja (eu, particularmente, não acho pior do que o já mencionado Downpour), só essa riqueza de detalhes na trilha inteira vale a sua existência.

7 – Who Knows [Silent Hill Homecoming]

A trilha sonora de Homecoming é, no mínimo, esquisita. Ao mesmo tempo que incorpora vários elementos das trilhas de jogos prévios, também parece ser a trilha em que Yamaoka mais experimentou com a ideia de fazer músicas para um jogo de terror.

Tendo em mente as composições de outros jogos, Who Knows parece quase satírica de tão direto ao ponto que parece ser. Instrumentos de sopro deteriorados sob uma percussão quase tribal, um pequeno choque para qualquer fã da série. E, ainda assim, consegue ser uma composição muitíssimo bem feita em seus retalhos sonoros organizados de maneira extremamente precisa por Yamaoka.

6 – Magdalene [Silent Hill 2]

Silent Hill 2 é aterrorizante, mas, acima de tudo, o sentimento que mais percorre a jornada de James Sunderland é o do vazio causado pela depressão que o aflinge desde a morte da esposa.

Magdalene é aterrorizante por ser uma representação extremamente vívida dessa sensação. As notas parecem querer serer do silêncio sepulcral entre elas. Tocadas de maneira extremamente lenta, você consegue ouvir o ruído da captura. Cada batida do piano parece um passo extremamente pesado. Com cada repetição, a claustrofobia parece se intensificar.

Essa está longe de ser a faixa mais complexa composta por Akira Yamaoka, mas é certamente uma das mais efetivas.

5 – The Last Mariachi [Silent Hill 4]

Nos piores momentos de uma crise depressiva, você se sente desassociado. Seu corpo está em um lugar, mas em todos os outros sentidos você está preso em outro. Pode ser um lugar doloroso, nostálgico ou assustador, não importa. A questão é que sentir que a sua cabeça não está no lugar é extremamente desorientador. The Last Mariachi é uma das poucas composições que entende que não existe maneira lógica de se expressar uma sensação tão abstrata assim.

Se a barreira de ruído branco na faixa não é um indicativo claro de que o único intuito da música é te desorientar, então o violão tentando se recompor ao fundo certamente é. Entre toda a confusão, há apenas a certeza de que o lugar para o qual The Last Mariachi te joga é um onde a luz do Sol não bate há muito tempo.

4 – End of Small Sanctuary [Silent Hill 3]

O que sempre tornou a trilha de SIlent Hill memorável é o fato de que Akira Yamaoka nunca pareceu estar compondo para jogos tão sombrios e desolados. Ao mesmo tempo, ele também sempre pareceu entender cada camada das histórias que estava retratando. Com a trilha de Silent Hill 3, bem mais orientada para o rock alternativo e trip hop para casar com a presença de Heather Mason, Yamaoka se permitu ser mais direto.

End of a Small Sanctuary evoca os mais serenos momentos de uma tarde. Uma das faixas mais simples já composta pelo artista, ela consegue, por um breve momento, te remover do contexto aterrorizante da cidade de Silent Hill, tudo isso com apenas um breve loop reverberado de uma guitarra de ritmo, uma batida que se mantém estável por toda a música e breves dedilhados, cada um deles evocando um tipo diferente de luz do Sol.

São muitos os sentimentos que as trilhas anteriores à essa traziam, mas em End of a Small Sanctuary, Akira Yamaoka introduziu uma nova sensação à série: ternura.

3 – Silent Hill [Silent Hill]

Existe algum tema tão instantaneamente icônico quanto o tema principal de Silent Hill? Do momento que a primeira nota de mandolim perfura os ouvidos do jogador, uma sensação se alastra: a de que o dedilhado não está acontecendo em qualquer instrumento, e sim na sua espinha.

Dissonante e contida em sua escala, a composição é o blueprint de tudo que veríamos de Akira Yamaoka daqui pra frente: os riffs pesados mergulhados em reverb, os instrumentos de corda perfurando a instrumentação claustrofóbica, os loops hipnóticos que só te permitem respirar quando tudo tiver acabado.

“Icônico”  não começa a descrever o impacto desse tema. Assim como o do jogo.

2 – Waiting For You ~LIVE AT “Heaven’s Night~” [Silent Hill 4: The Room]

As contribuições do Team Silent foram tão marcantes que é difícil não ver os quatro primeiros jogos da franquia como uma unidade. Nesse sentido, Waiting For You, a última faixa da trilha sonora de Silent Hill 4, não-intencionalmente ganha um significado muito além do que está presente em seus 6 minutos e 19 segundos; ela se torna a música de créditos que simboliza o fim de uma era única na história dos jogos de terror.

Apesar disso, Waiting For You não é apenas incrível por conter referências aos jogos anteriores, ou por estar posicionada de maneira muito melancólica no fim da trilha sonora do quarto jogo. Acima de tudo, é uma música muito impactante. Emulando uma performance ao vivo, cada instrumento parece mais solitário do que jamais estiveram em outras músicas de Yamaoka.

Mary Elizabeth McGlynn entrega a sua performance mais fragilizada e, simultaneamente, intensa, com o uso de vocais duplos no refrão destacando o aspecto extra-corpóreo que as letras passam de maneira dura. Ao final de tudo, voltamos ao início, com o tema de Silent Hill iniciando e uma platéia fantasma explodindo em empolgação. Um fim que, para muitos, é trágico.

1 – Theme of Laura [Silent Hill 2]

Por exatos 21 segundos Theme of Laura parece uma música apropriada para a trilha de um jogo extremamente soturno e desolado como é Silent Hill 2. Quando o riff principal de guitarra entra, porém, somos transportados para outro mundo completamnte diferente, mas, ainda assim, tão potente quanto a obra que representa.

Theme of Laura é monumental. Dentro da discografia invejável em sua genialidade de Akira Yamaoka, é a jóia que se sobressai. Uma composição complexa que, ao mesmo tempo, consegue ser caótica e transparecer que nenhum instrumento está fora do lugar. O violão acústico que abre a faixa, o lead de guitarra mais triunfante que o artista já se permitiu escrever, o violino rasgando as pesadas camadas de baixo que se escondem com o ritmo de bateria constante.

Por mais que esse pareça um tema grande demais para uma obra que se moldou e trinfou pelo soturno, o que Theme of Laura faz é mais do que isso: ela te faz transbordar de emoções e ficar atento à cada novo elemento que está por vir ao longo de seus breves 3 minutos e 24 segundos de duração. Nesse sentido, não existe faixa mais apropriada para abrir Silent Hill 2.