Crítica: The Legend of Heroes: Trails to Azure

Por Guilherme Santos

Nota: 10

Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge

Trail to Azure é o segundo jogo da duologia do arco de Crossbell, sendo a sequência direta de Trails from Zero, originalmente lançado para o PSP em 2011 exclusivamente no Japão, agora 12 anos depois o jogo chega oficialmente pela primeira vez ao ocidente através da NIS America.

A série Trails é algo relativamente novo para mim, comecei a jogar os jogos ano passado e ela rapidamente já se tornou minha franquia de RPGs favorita, e eu tive a oportunidade de rejogar o meu jogo favorito da série The Legend of Heroes: Trails to Azure para o propósito desta crítica, agradecimentos à NIS America pela confiança.

The Legend of Heroes

(de um ponto de vista emocional Cold Steel IV ainda é o meu favorito, até agora).

Eu joguei Azure pela primeira vez em agosto do ano passado, com a tradução de fãs feita pelo pessoal da Geofront, tradução essa que está sendo usada de base na versão oficial da NIS America, lançada oficialmente dia 14 de março.

Até então não tinha rejogado nenhum Trails depois que terminei Trails of Cold Steel IV, então foi minha primeira experiência agora com o conhecimento dos outros jogos, de retornar à algum jogo da série, é quase como uma nova experiência, saber oque vai acontecer na história e ver a maneira como a Falcom executa os foreshadowings e setups é magnífico e traz um sentimento muito legal.

The Legend of Heroes: Trails to Azure

E essa também é minha primeira vez escrevendo sobre Trails, e como a série se tornou algo tão especial para mim, me encontro em uma situação complicada e na árdua tarefa de não dar ao jogo um status extremamente grandioso, ou colocá-lo em um pedestal de jogo perfeito, e tentar ao máximo analisá-lo da maneira mais neutra e imparcial possível…

Dito isso, Trails to Azure é um dos melhores jogos já feitos de todos os tempos!

Seja muito bem vindo ao continente de Zemuria

Trails to Azure é o quinto jogo na timeline da longínqua franquia de RPGs que é Trails, a duologia de Crossbell se encaixa bem no meio dessa primeira metade, depois dos eventos de Liberl em Trails in the Sky, e antes e durante dos acontecimentos de Erebonia em Trails of Cold Steel, e por enquanto aguardamos o próximo jogo da série Trails into Reverie que chega em julho deste ano, e eventualmente o aguardadíssimo arco de Calvard com Kuro no Kiseki.

Crossbell é uma cidade/estado localizada ao leste de Zemuria, que se situa bem no meio de duas grandes potências, nas bordas do Império de Erebonia e da República de Calvard, servindo como um dos principais pontos de comércio e troca entre os dois países, mas também é cheio de intrigas políticas pelo fato de haver muita briga para decidir há quem Crossbell pertence, por assim dizer.

Crossbell, a cidade do pecado

Retornar a Crossbell é algo muito mágico e emocionante, ouvir A New Day Life e Afternoon in Crossbell, me traz lágrimas aos olhos, mas ao mesmo tempo traz aquele sentimento de calmaria antes da tempestade que Azure nos entrega, principalmente sabendo o que está por vir.

Trails to Azure começa com um excelente prólogo introdutório, uma missão especial envolvendo o protagonista, Lloyd Bannings, junto com Noel Seeker, Alex Dudley e Arios MacLaine, infiltrando e investigando uma base secreta que nos foi introduzida em Zero, sendo bem vago aqui para não spoilar nada, e esse prólogo é incrível pois você já começa com o contexto do que se trata e a maneira como é estruturado serve como um ótimo tutorial. 

Existe um time skip de mais ou menos um mês desde o final de Zero, e a SSS acaba se separando para cada membro focar em sua vida pessoal, Lloyd finalmente se torna um agente da primeira divisão, Randy está em um treinamento com a CGF, Tio retorna ao instituto Epstein no estado de Leman e Ellie viajando por Zemuria para aprender mais sobre política.

Após isso, o elenco retorna a Crossbell, e a SSS (Special Support Section) está de volta a ativa, agora com dois novos membros, Noel Seeker e Wazy Hemisphere e com isso o jogo começa pra valer.

As barreiras de Crossbell

Azure não perde muito tempo pra jogar a gente no meio da tempestade, ele tem seu momento de calmaria no começo, mas já começa constantemente a introduzir mistérios e personagens, o jogo tem um excelente pacing quiçá talvez o melhor pacing de jogos da série até agora.

A estrutura dos capítulos de Azure na medida certa vai escalando a cada capítulo pra explodir tudo no final, é simplesmente maravilhoso, quando você pensa que a situação não pode ficar pior, ela fica, as intrigas políticas e emocionais, os dramas pessoais, a confusão e o mistério, tudo culmina muito bem.

A história é amarrada muito bem, puxando muitos plot points e personagens que vimos em Trails in the Sky e Trails from Zero, mas também fazendo uma ótima amarra com Cold Steel e os jogos futuros da saga.

Inclusive, rejogando Azure me deixou com uma vontade muito maluca de rejogar o primeiro Cold Steel, já que os jogos se passam ao mesmo tempo.

A interconectividade dessa série é algo fenomenal e completamente raro de ser ver acontecer em outras franquias, os eventos que acontecem em Azure reverberam até os jogos mais recentes da série, e são um marco na história de Zemuria, cada ação tem impacto e um peso na história desse continente.

Crossbell continua sendo o principal centro das atenções em Azure, mas o jogo também começa a nos dar um gostinho e explorar além, e nos dar mais informações e intrigas políticas sobre Erebonia, Calvard, Liberl, Remiferia e entre outros, devido a West Zemuria Trade Conference que acontece no capítulo 2, expandindo e nos mostrando como o world building dessa franquia é algo especial.

Crossbell em sí continua com os mesmos NPCs, e é legal demais ver como os eventos de Zero continuam nos consciente das pessoas, novos personagens são introduzidos por causa dos eventos de Zero e você continua se conectando com eles, por mais que superficiais em escrita que eles sejam, ainda são extremamente memoráveis e únicos a cidade.

Uma das grandes novidades de Crossbell que Azure nos traz, é a finalização da Orchis Tower, um prédio enorme de 40 andares que serve como a nova prefeitura da cidade.

A Orchis Tower é algo incrível, pensando na quantidade de eventos que acontecem nela não só em Azure, mas em Cold Steel também e quem sabe até pros jogos futuros, certamente um dos pontos mais importante de Crossbell e o cenário de uma das melhores boss fights dos jogos.

Crossbell também agora está muito mais fácil de se explorar, o jogo abre muito mais as opções de transporte para locais de fora da cidade, acessibilidade a vila de Mainz, Armonica e ao Hospital de St Ursula, e outros locais menores, está muito mais fácil agora.

Special Support Section

Falando agora um pouco sobre os personagens, se você já está acostumado com Trails sabe que é uma série que desenvolve muito bem personagens e nos revela twists incríveis sobre eles, e aqui não é diferente.

Azure tem uma revelações extremamente chocantes, e rejogando agora, é possível ver como o jogo brinca com isso, dando foreshadowings e dicas bem embaixo dos nossos narizes, e nunca nem percebemos, é genial demais.

A quantidade de personagens que retornam em Azure é um deleite para os fãs, ainda mais rejogando e vendo personagens de Cold Steel, e os que retornam de Sky é sempre legal demais.

From Zero to Azure: Trails to Azure!

Lloyd Bannings retorna novamente como protagonista, dessa vez com mais dignidade após os eventos de Zero, o líder a SSS continua a nos entregar diálogos inacreditáveis e Lloyd nesse jogo é elevado ao seu potencial máximo como personagem.

Ellie, Tio e principalmente Randy e KeA têm um papel fundamental nesse jogo, dando um mergulho profundo em dramas, intrigas e traumas dos personagens, explorando e nos dando mais background sobre os membros é algo incrível.

Bom, mas e as novas adições?

Noel Seeker é a segunda tenente da CGF que foi transferida para a SSS, ela estava junto com Lloyd durante o prólogo e ambos estavam em treinamento, e também é a piloto número um do time.

Wazy Hemisphere, dono do bar “Trinity” e líder da gangue Testaments é uma adição um tanto quanto inusitada para a SSS, mas que faz todo sentido mais pra frente, Wazy é um personagem incrível e dos grandes alívios cômicos do jogo.

Concentrate all firepower!!

O combate aqui ganhou um bom refinamento, o primeiro jogo a introduzir o sistema de Master-Quartz, um quartz principal desenvolvido para o novo modelo de ENIGMA, que tem sistema de nível e aumento de determinados atributos, sistema esse que será expandido muito mais no futuro.

A barra de Burst que quando cheia, te garante vantagem completa por alguns turnos, castar arts instantaneamente e também curando de qualquer status negativo.

O sistema de batalhas por turno é rápido e intuitivo, estabelece a base para muitas das coisas em Cold Steel I e II (que eventualmente CS quebrou completamente), e as dungeons que trails raramente acerta aqui elas funcionam bem, apesar algumas serem extremamente longas.

Atenção especial para as Boss Battles desse jogo, que são sensacionais, carregadas com um peso emocional e figuras lendárias, enfrentar a um certo boss ao som de Unfathomed Force me dá arrepios só de lembrar.

Falando nisso, a música que já é um sinônimo de qualidade na série, Azure conta com um dos meus catálogos de trilhas sonoras favoritos da série, nomes como Hayato Sonoda, Takahiro Unisuga, Saki Momiyama e arranjos de Yukihiro Jindo fazem a música brilhar demais.

NISA e a infame versão de PS4

Se você acompanhou o lançamento ou jogou Trails from Zero, o jogo antecessor a Azure, já deve saber os “problemas” ou melhor dizendo, a falta das melhorias técnicas e visuais das versões de PC e Switch.

A versão analisada nessa review foi a de PS4, e bom eu não preciso nem dizer que não houve nenhuma alteração com essa versão.

As texturas continuam iguais ao PSP só que esticadas e dão uma sensação de embasamento e falta de qualidade, até nos modelos dos personagens, e sem nenhum tipo de feature adicionada como um log, ou auto-mode, que faz muita falta.

Ao menos ainda tem a dublagem em Japonês na versão de Vita e um Turbo-Mode, e as artes dos portraits ilustradas por Katsumi Enami, estão em uma boa qualidade pelo menos.

Se você deseja saber em mais detalhes o por que a versão de PS4 acabou desse jeito, você pode conferir mais informações na nossa crítica de Trails from Zero.

Mas em resumo, se for jogar Trails to Azure recomendo muito mais pegar no PC já que é um jogo relativamente leve, ou no Switch caso tenha a possibilidade, deixe a versão de PS4/5 como última opção.

CONCLUSÃO: Inevitable Struggle – Super Arrange Version

The Legend of Heroes: Trails to Azure é uma experiência que é extremamente difícil de se explicar em palavras, carregado pelo apelo emocional do jogos anteriores, e olhando todos os setups para o futuro, é algo que você só entenderá o escopo ao sentar e jogar o jogo por conta própria.

Azure é um jogo que com certeza será lembrado como um dos melhores da série por muitos anos, é uma narrativa brilhante marcada por eventos que deixaram cicatrizes incuráveis na história de Crossbell e Zemuria, mas ao mesmo tempo a cidade dos pecados se levanta e olha para o futuro de cabeça erguida. 

The Legend of Heroes: Trails to Azure

Lloyd Bannings é um dos protagonistas mais inacreditáveis já feitos, sua ambição e sua força de vontade de sempre continuar superando as barreiras é uma linda lição de vida, e junto da Special Support Section e ele honra seu título dentre as lendas que dão nome a The Legend of Heroes.

Nome do jogo:

The Legend of Heroes: Trails to Azure

Publisher:

NIS America

Desenvolvedora:

Nihon Falcom

Plataformas Disponíveis:

PC, Playstation 4, Nintendo Switch

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