Na primeira vez que vi West of Dead eu quis jogar, não sabia como ia ser, quem estava fazendo ou a tão famosa voz que estava interpretando o personagem principal do jogo. Eu queria jogar.
Não vou mentir que foi um pouco decepcionante descobrir que seria um Rogue Lite. Um gênero que jogos independentes já exploraram muito e não tem tido mais tanta novidade, e é ótimo vir escrever um texto sobre como fui surpreendido. Nesta crítica, estamos falando de um jogo excelente.
Em West of Dead, o jogador controla uma caveira errante, em uma temática pós morte e velho oeste. O objetivo é passar por diversos locais, típico dos filmes de western derrotando inimigos, chefes e criminosos para descobrir o passado do personagem e no fim derrotar o Bispo. Alguém que a tempos chegou nesse local e mudou completamente como o pós morte funciona.
Normalmente eu não iria falar da história de um Rogue Lite em uma crítica, elas são quase sempre ignoráveis e servem mais para dar um background ao jogo do que realmente servir de algo mais. Entretanto, em West of Dead é um pouco diferente. Além do jogo ser dividido em capítulos, que mecanicamente só significa que terão atalhos para áreas mais a frente do jogo, parte de seu charme é o clima e sua narração feita por Ron Perlmanm o Hell Boy do filme dirigido por Del Toro.
Parte do jogo é esse sentimento levemente opressora e obtusa, tanto em seus cenários simples, porém bem representativos, quanto em seus inimigos que se tornam uma boa mistura entre o humano e o bestial. Juntando isso a narração incrível e as pequenas historietas que o jogador recebe aos poucos em suas diversas jornadas, temos um clima delicioso de se experimentar, que valorizam ainda mais suas mecânicas.
Em jogabilidade ele também carrega muito desse clima. Diferente de boa parte dos jogos do seu género, West of Dead é focado em tiro, e não do tipo desenfreado. Ele necessita um certo ritmo e isso muda dependendo da arma que está usando. Aqui, armas podem precisar de mais tempo para uma mira certeira, e dependendo da quantidade de munição, talvez seja necessário respirar um pouco atrás de barreiras até que estejam carregadas.
Esse esquema dá um sentimento próprio ao jogo e passa a não exigir apenas habilidade, mas também conhecimento das armas do jogo e estratégia. Aos poucos, acontece o que já é comum em Rogue Lite, o jogador aprende, descobre a melhor build que funciona com ele e passa a usar, mas ainda sim, usar essa build ainda é muito sobre ter calma e aprender como enfrentar cada inimigo.
Talvez a parte menos original do jogo sejam como ganhar novos equipamentos. Eles funcionam praticamente da mesma forma que Dead Cells, ao decorrer da fase, o jogador ganha pecados. Na transição para uma próxima fase usa esses pecados para aos poucos liberar novas armas, itens especiais e aumentar item de cura do personagem. Até mesmo a forma que os itens já liberados aparecem como um tipo de troféu ao jogador, antes da “dungeon” é igual. Algo que não é um problema, já que mesmo com ideias simples, as armas e habilidades tem uma certa originalidade.
Elas apostam no típico, armas de congelamento, ou que dão algum tipo de buff ao jogador ou garantem ataques críticos dependendo do que faça. São diversas possibilidades, que progredindo, fica fácil entender o que faz mais sentido ter e o que funciona melhor no estilo que joga. No meu caso, uma revólver que me garante um ataque crítico após rolamento funciona perfeitamente, para outros, congelar os inimigos que correm pra cima do personagem é essencial. Depende de cada um e os diversos tipos de inimigos diferentes vão forçar ao máximo para que você, como jogador, crie suas estratégias.
No fim de tudo, o que encontrei em West of Dead foi um refresco para o gênero. Um uso simplificado de tudo o que faz rogue lite ser bom, mas com uma ótima absorção de seu Western obtuso. Esse jogo é uma pérola rara, visualmente agradável, com bons designs de personagem e ótima jogabilidade. Tudo isso com deliciosa voz de Ron Perlman, uma mistura que não tem como não amar.
West of Dead está disponível para PC e Xbox One. O jogo está disponível no Game Pass pelo console e tem previsão de sair ainda esse ano de 2020 no Playstation 4 e Nintendo Switch.
Esta crítica foi feita em base de uma cópia cedida pela assessoria da Raw Fury.
Confira mais posts como esse, clique aqui