Yakuza Kiwami 2 – O misto entre tradição e tecnologia

Por Silvio Diaz

Yakuza Kiwami 2 é um jogo excelente. Sua história é interessante, o combate muito próximo ao Yakuza 6 continua sendo divertido e todo o clima atrelado a franquia se mantém. Resumindo, ele é um ótimo Yakuza, entretanto, tem algo muito interessante neste remake do segundo game da franquia.

Com a nova engine do estúdio, Kiwami 2 é o segundo game lançado especialmente para o Playstation 4 e mesmo com os gráficos e ajustes mecânicos que a geração permite, o game mantém muito da linguagem e até level design da época do Playstation 2.

É curioso ver esses dois elementos se unindo e existe até uma estranheza. Hoje em dia existe uma busca de fluidez na campanha de mundo aberto e antigamente essas regras ainda estavam sendo estabelecidas e existia um misto de inexperiência e teste. Em Kiwami 2 por exemplo, é comum ter quests que são apenas um vai e volta que poderia ser cortado pela metade. E mesmo tendo esse tipo de missão, o mais característico é o level design as ideias envolta dele.  

Em momentos específicos da campanha dos jogos de Yakuza, Kyriu precisa andar em algum lugar batendo em todos que aparecem. Esses são os pontos que mais lembram os jogos do saudoso Playstation 2.

Os tipos de inimigos e até as posições deles, são típicos daquela época. Comparado ao 6 e 0, Kiwami 2 tem muito mais personagens com armas de fogo e diversas fases que os utilizam para  criar desafio. Além deles, é comum oponentes que lançam faca e estão em locais que o jogador não consegue chegar e outros com sofá, que obrigam o jogador a desviar diversas vezes enquanto aos poucos o golpeia.

Esse esquema de level design não é ruim, mesmo claramente datado, ele continua sendo divertido, mesmo que em alguns momentos seja um pouco desbalanceado e tedioso. Corredores com pessoas armadas com metralhadora e pistolas não é um bom desafio, é apenas chato de se passar, os homens com sofá impedindo a passagem são mais sobre atrapalhar o jogador do que desafiar.


Yakuza Kiwami 2 Crítica

São ideias que aos poucos foram largadas, maneiras melhores foram testadas e funcionam e ainda sim, de uma maneira até corajosa, a Sega o manteve no remake. Algo que não deixa o jogo ruim, mas está ali, mostrando o que funcionava bem e o que não funciona.

Até o uso de ninjas está no game, um dos tipos mais genéricos de inimigos dos jogos antigos, e essa parte funciona. Ela se mistura com toda a bizarrice comum na narrativa e ganha até um certo charme. Da mesma forma que as missões que poderiam ser cortadas também não estragam a experiência, elas aumentam a personalidade do jogo.

E o mais interessante nisso tudo, é que esse contraste aumenta ainda mais o impacto de elementos que estavam no Yakuza 2 original, como sua história e personagens. Tal qual o Kiwami 1, Kiwami 2 deixa bem claro que desde o começo Yakuza era muito mais maduro do que boa parte dos jogos eram e são hoje em dia. Mesmo que em certos momentos o seu drama lembre novela mexicana, a história ainda fala de família, parentesco e tem momentos realmente legais. Algo que fica ainda mais fácil de perceber quando o jogo está usando ideias de design da versão original, a mescla entre engine nova e design velho, deixam claro o quanto fresco a história do game é, e quão inovadora ela foi.


Yakuza Kiwami 2 é um jogo excelente e faz com um remaster algo que poucas empresas teriam coragem de fazer. A ideia que dá é que o Yakuza Team não tinha vergonha nenhuma de seu trabalho em Yakuza 2 e buscou apenas acrescentar novas ideias e melhorar as mecânicas. Sem esconder o que o jogo já foi na sua versão original, Kiwami 2 uni tradição com tecnologia e mesmo que pareça ser contraditório, isso é extremamente fresco.