Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge
Quando eu joguei The Caligula Effect: Overdose no início do ano, eu tinha alguns planos em mente. Primeiro: jogar os jogos licenciados da FuRyu por motivos de curiosidade. Segundo: me preparar para eventualmente jogar The Caligula Effect 2, pois tudo que eu ouvi falar sobre ele me deixou no mínimo intrigado. Após jogar o primeiro jogo, eu comecei a ter ideias do que pode ter acontecido na sequência para termos ido de “kinda sucks” para “holy shit, kino”, afinal, o primeiro Caligula tinha boas ideias e, como a maioria dos jogos FuRyu que eu joguei, pecavam em sua execução.
Pois enfim, com o port de The Caligula Effect 2 para PlayStation 5, feito pela NIS America, eu tive a chance de jogar. Lembrando que no site possuímos uma review da versão de PS4, lançada na época, confiram lá também, pois aqui será algo mais contido.
Assim como seu antecessor, The Caligula Effect 2 se passa em um ambiente escolar, onde inúmeras pessoas, não necessariamente estudantes ou sequer jovens, ficaram presas em um mundo virtual, Redo, para fugir de seus arrependimentos. Ao se dar conta do que está acontecendo, um grupo, chamado de Go-Home Club, acompanhado de χ, decidem enfrentar Regret, a Virtualdoll que comanda aquele mundo e seus Obbligato Musicians.
Logo de começo Caligula 2 já me passou uma vibe diferente do original, com uma apresentação mais misteriosa e o s
A estrutura do jogo é muito parecida com o seu original, acredito que as diferenças de mais destaque são o quão mais direto Caligula 2 é em relação a sua história principal e na distribuição de conteúdo secundário. Ainda que você possa deixar acumular, em vez de encher a tela com NPCs e suas quests, o jogo vai colocando aos poucos durante os capítulos.
A história principal consiste em um quase dungeon crawler onde você vai indo de dungeon em dungeon para derrotar os compositores e entre isso você tem os conteúdos principais que lhe garantem mais Stigmas, que são os equipamentos do jogo, e libera novos Characters Episodes, onde basicamente o desenvolvimento dos membros da sua party acontece. Sim, é algo que vem direto da série Persona, a diferença é que aqui eu me importo com os personagens.
Eu fiquei legitimamente surpreso, tudo bem, não muito pois o jogo já saiu faz 2 anos e é elogiado, com o quão melhores são o enredo e narrativa desse jogo em comparação ao primeiro e talvez a principal razão para isso seja o não envolvimento direto de Tadashi Satomi, escritor principal do primeiro jogo e criador da série Persona, no roteiro de Caligula 2.
Dessa vez, Takuya Yamanaka, co-escritor e diretor de Overdose, assumiu sozinho essa função de escritor principal e eu acredito que ele tenha sido o responsável pela campanha extra em Overdose, que é consideravelmente a melhor parte daquele jogo.
Não é que você PRECISE jogar o primeiro Caligula, mas esse segundo jogo faz referência direta, em especial um dos finais do jogo. Acho que a experiência ficará mais completa caso você jogue Overdose.
Curiosamente, nesse jogo não tivemos uma mini campanha onde vamos para os lados dos vilões e conhecemos suas motivações a fundo. O jogo até tenta remediar isso no post game, trazendo textos sobre os compositores.
Além das sidequests padrões já conhecidas na série, que envolve você achar NPCs andando pela rua e ir cumprindo alguns objetivos ou entregar certos itens, que vão aumentando o seu Casuality Link, um diagrama que mostra todo mundo com quem você conversou ou realizou uma quest, a maior adição em questão de sidequests são as Group Quests. Que consiste em uma chain de quests que envolvem… huh… um grupo de NPCs. A realização dessas quests lhe garantem vários dos melhores Stigmas do jogo.
Para isso, você precisa coletar determinados Stigmas, que lhe dão certas especialidades, e podem ser encontrados durante as dungeons da história principal. Elas possuem textos muito bons, infelizmente a maneira como se faz ela é um tanto quanto chata, caso elas não se passem todas no mesmo local. Isso porque a forma com que a viagem rápida funciona nesse jogo é bem ruim, você tem que ficar voltando para o seu hub sempre, em vez de ter uma opção de ir direto, como o Overdose tinha.
Falando em coisas que tinham no Overdose, mas aqui não, vamos falar sobre o combate. No geral, ele é bastante igual. Funcionando como uma timeline de mixagem de som, você consegue escolher e planejar os seus ataques. Diferente de Overdose (não joguei o original de PS Vita para saber se era assim), aqui só podemos utilizar uma skill por turno, em vez de três.
O jogo até tenta contornar isso com algumas coisas: a possibilidade da skill fazer algo a mais dependendo da condição, o upgrade dessas skills, e a adição de uma nova mecânica, χ-Jacking, que ao encher uma barra, acelera e dão outros bônus extras aos personagens. Falando em acelerar, o combate do jogo, por mais que eu ache interessante, ainda é muito lento, talvez um Caligula 3 enfim traga uma opção de aumentar a velocidade do combate.
Mas uma coisa que foi mudada aqui é que o combate, especialmente em bosses e inimigos mais fortes, foi balanceado, e agora você precisa pensar de verdade na hora de lutar e não apenas spammar skills.
E bom, estamos falando de Caligula Effect. A coisa mais importante que esses jogos tem, é a trilha sonora, que além das músicas gerais, compostas por Tsukasa Masuko, veterano na série Megami Tensei, temos novamente a presença de compositores para vocaloids já conhecidos da indústria.
Suas músicas tocam em dungeons e batalhas e possuem quatro diferentes versões: instrumentais, cantadas em dungeon por Arisa Kouri, intérprete de Regret, uma versão remixada para a batalha contra bosses e uma outra versão cantada por Mayu Mineda, intérprete de χ durante a utilização do χ-Jacking.
Por fim, falando sobre o port de PS5, não tem nada demais além do rápido loading. Esses jogos não possuem tanto foco em gráficos, então sinceramente não faz diferença se você está jogando a versão de PS4 ou não.
Isso tem sido uma norma em todos os ports que a NIS America tem lançado, com exceção de Ys VIII e talvez Ys IX que, como são jogos de ação, realmente ter uma taxa de quadros mais alta deixa melhor, realmente não vale a pena pegar essas versões lançadas bem depois para o PS5.
The Caligula Effect 2 pega todas as boas ideias de seu antecessor e melhora consideravelmente. É um jogo que passará despercebido por 90% do público, mas aqueles que jogarem experimentarão uma das histórias mais bem trabalhadas e exploradas do nicho.
The Caligula Effect 2
historia
FuRyu, NIS America
Playstation 5