Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge
Samurai Maiden a primeira vista parece um jogo bem promissor, lembro de ter visto o anúncio do jogo e seus trailers e me pareceu um jogo divertido, porém ao começar a jogá-lo seus problemas rapidamente começam a aparecer.
Samurai Maiden é um action RPG com elementos de Visual Novel, desenvolvido pela SHADE Inc., e publicado pela D3Publisher, o jogo traz uma proposta interessante, com uma temática, personagens e arte chamativas, porém se perde na excussão, pela falta de orçamento e um sistema de combate bem medíocre.
A desenvolvedora é sim até que competente quando parando para olhar Samurai Maiden pelas lentes de um jogo de baixo orçamento, o fato é, não espere um gameplay super polido ou inovador, é bem abaixo da média, mas pode ser divertido e descontraído se não for algo que te incomode.
A história do jogo é possivelmente um dos pontos mais fraco de Samurai Maiden, tem uma premissa bem clichê de “Isekai”, e rapidamente se torna tediosa e desinteressante.
No game, a nossa protagonista Tsumugi Tamaori é misteriosamente transportada para o período Sengoku no Japão, mais especificamente no dia 21 de junho de 1582 no templo em chamas de Honno-ji, Kyoto, onde está sendo invadido por Akechi Mitsuhide na tentativa de assassinato do daimyo Oda Nobunga.
Rapidamente se percebe que o jogo está tentando fazer uma alusão aos acontecimentos reais da história do Japão, eu achei isso muito legal até que…
Aparecem três ninjas, que serão companheiras da protagonista e elas começam com o papo que que ela é a descendente da “Priestess of Harmony” e que estava na profecia que ela iria aparecer, e enquanto isso Akechi Mitsuhide na verdade está tentando summonar o rei demônio que está aprisionado dentro do Underworld que existe embaixo do templo. Com isso, Tsumugi fica com a missão de ir até o Underworld com suas amigas ninjas e derrotar o rei demônio.
A sinopse básica do jogo é essa, e ele não desenvolve muito ao seu decorrer, é bem linear com cada capítulo, conforme o jogador vai avançando e tentando chegar até o rei demônio para derrota-lo e no caminho encontrando alguns outros chefes e personagens, mas a história em si, não é nada de especial.
O gameplay com certeza é o pior defeito de Samurai Maiden, conforme eu disse no começo da crítica, o baixo orçamento e a falta de polimento são aparentes aqui, então não é de se esperar muito do gameplay, ele é competente porém extremamente frustrante e nem um pouco fluido.
O combate não é muito responsivo, fazendo com que o jogador fique preso em frames de recuperação, vulnerável a golpes, e é extremamente repetitivo, por mais que tenha opções de aprimoramento e novas skills, o “core” do combate é o mesmo, não tem muita variedade de combos, e as diferentes armas não mudam muito o moveset, é tudo bem limitado.
Tsumugi é a única personagem jogável, Iyo, Komimi e Hagane são apenas suportes, o jogador pode usar as habilidades delas para ajudar no combate, principalmente na hora de limpar hordas de inimigos e no crowd control.
A IA dos inimigos é meio estranha, principalmente dos chefes, meio que todos eles têm o mesmo moveset, e a pouca variedade de inimigos é muito triste, tem alguns chefes na história principal que são boss fights bem legais até, mas nada muito surpreendente.
Na questão do desempenho, o jogo não surpreende muito, eu testei o jogo em um PS4 base e ele deixa um pouco a desejar mas nada muito crucial, os modelos 3D das personagens são bem feitinhos e a animação flui até que bem.
Uma coisa que me incomodou nesse jogo, é como o jogo começa de uma maneira abrupta, é estranho não ter um menu de tela inicial para ajustar as configurações logo no começo, que só é liberado após o primeiro capítulo, e as opções de configurações do game deixam a desejar, a falta de um botão de save me incomoda bastante, por mais que o jogo tenha um “auto-save”.
Falando em auto-save, ele não funciona tão bem assim, eu acho bizarro como dentro dos mapas, antes de enfrentar algum boss, o jogo tem uma estação de “save” que recupera sua vida, e quando você morre pro boss o jogador volta nessa estação somente uma vez. Se morrer duas vezes pro mesmo boss terá de refazer o mapa inteiro de novo.
E olha alguns dos mapas são bem grandinhos, com múltiplos bosses e sessões de plataforma, isso me frustrou bastante, a questão é que o jogo em si escala em dificuldade muito rápido, mesmo jogando no normal, e na maioria das vezes morrer para algum boss, nem por que o jogo é difícil, mas os controles são tão não responsivos que qualquer dodge errado, ou dar um ataque a mais sem querer é crítico pelo tanto de lag que a personagem sofre.
Isso sem contar os stuns de quando o jogador toma algum golpe e a personagem demora quase uns 10 segundos pra sair do chão, tem até uma skill que ajuda a melhorar isso depois, mas mesmo assim nada fluido, os upgrade nas armas ajudam a aumentar o dano e limpar os inimigos mais rápido, porém eu ainda tive que grindar em mapas mais fáceis pra passar de alguns bosses.
O uso de itens também é extremamente frustrante, principalmente para se curar, tendo que posicionar um barril de cura no chão e ficar perto dele, e é terrível fazer isso com um boss e inimigos tentando te matar, outros itens como as bombas quem podem ser colocadas no chão, se não prestar atenção elas explodem e te dão dano também, algumas até te matam em um hit.
Eu não diria bem que é Visual Novel, mas o jogo sempre altera entre duas vertentes, diálogos entre personagens e gameplay, não tem nada no meio disso, tirando em conta navegação pelos menus, mas os momentos de dialogo são bem grandinhos e dão o “feeling” de um VN.
Os bonding events, acessados pelo menu “Album”, são eventos especiais desbloqueados após atingir um certo número de pontos com algumas das três ninjas, que se consegue dependendo do quanto se usa certa personagem durante os capítulos, esses eventos dão mais contexto e backstory para elas, e é aonde são desbloqueadas novas skills e habilidades para Tsumugi.
Esses eventos com as personagens, às vezes liberam mapas especiais, chamados Blubble Pockets, com umas plataformas bem básicas e um chefe no final, que geralmente aprimoram o número de itens que o jogador pode carregar.
Existe uma currency dentro jogo, que se ganha ao matar inimigos e ao terminar os capítulos, podendo comprar roupas diferentes ou fazer upgrade nas armas das personagens, particularmente eu não sou muito fã disso, preferiria que fosse algo que recompensa-se o jogador por explorar o mapa ou fazendo alguma sidequest.
O que mais me chamou a atenção em Samurai Maiden sem sombra de dúvida foi a arte do jogo, o que me vendeu 100%. A Ilustração e a arte das personagens são magníficas, o principal ilustrador e designer de personagens do game, Miwano Rag (@rag_ragko) conhecido por ilustrar capas de Light Novels como Kamisama no Hanayome ni Narimashita e Hoshizora no Shita, Kimi no Koe dake wo Dakishimeru, fez um excelente trabalho aqui com seu estilo de cores vibrantes e com grande foco nos olhos.
花は桜木、JKは侍――!『SAMURAI MAIDEN-サムライメイデン-』12月1日、本日発売です🌸メインキャラクターデザインを担当させていただきました。https://t.co/jsRlo3fFE5#サムライメイデン pic.twitter.com/ymBw0Y4o3R — 美和野らぐ🌱 (@rag_ragko) December 1, 2022
花は桜木、JKは侍――!『SAMURAI MAIDEN-サムライメイデン-』12月1日、本日発売です🌸メインキャラクターデザインを担当させていただきました。https://t.co/jsRlo3fFE5#サムライメイデン pic.twitter.com/ymBw0Y4o3R
— 美和野らぐ🌱 (@rag_ragko) December 1, 2022
Miwano Rag já era um dos meus artistas favoritos e fico feliz de ver ele participando de um jogo.
Falando nas personagens do jogo, tirando a protagonista, temos Iyo, Komimi e Hagane, as três ninjas que nos acompanham na história. Iyo já era uma ninja que servia Oda Nobunaga, já as outras duas aparentemente vieram de outro mundo, o jogo da ênfase nisso e é possível descobrir mais nos eventos das personagens.
Shingen Takeda e Kenshin Uesugi são duas vilãs que enfrentamos no jogo, também baseadas em figuras históricas do período Sengoku, o design delas são muito bons e as boss fights divertidas.
Inclusive, o dublador do Oda Nobunaga nesse jogo é o Takaya Kuroda, a voz do Kiryu da série Yakuza, eu achei isso muito incrível e hilário na hora que eu ouvi, bom demais.
Em questões de trilha sonora, não tem nada muito impressionante, a música de abertura é legal, e algumas trilhas in game são boas, mas num geral nada muito memorável.
Samurai Maiden é um jogo com potencial desperdiçado, tudo bem que é um jogo low budget e eu entendo a falta de polimento no combate, mas se a desenvolvedora tivesse tentado um pouquinho mais, seria uma experiência muito melhor.
No final das contas não é o pior jogo já feito, mas está longe de uma experiência agradável, o game proporciona bons visuais e a direção artística é bem impressionante, mas peca demais nos aspectos básicos de um bom jogo.
Samurai Maiden
D3Publisher
SHADE Inc.
PC, Playstation 4, Playstation 5, Nintendo Switch