Crítica: UNDER NIGHT IN-BIRTH II [Sys:Celes] – Uma Sinfonia Noturna de Melhorias

Escrito por Guilherme Santos
Crítica

Under Night in Birth é atualmente uma das séries de jogos de luta mais consagradas dentro da FGC, sendo um dos sinônimos dos jogos de luta 2D e com uma comunidade extremamente dedicada que levou essa franquia a altos patamares.

Under Night In-Birth II: [Sys:Celes] marca o grande retorno da série após anos esperando por uma nova versão, UNI 2 mantém firme o legado da franquia e traz grandes melhorias e excelente novas adições ao gameplay, com um combate rápido, dinâmico e divertido, uma incrível trilha sonora, e é claro o tão aguardado Rollback Netcode.

Under Night e suas diferentes versões

Under Night In-Birth se deu início em 2012 nos arcades japoneses, a série original da desenvolvedora French-Bread que originalmente era apenas um Doujin Circle, começou a se popularizar por causa de seus outros jogos, mais notavelmente Melty Blood e Dengeki Bunko Fighting Climax.

tela de titulo de Under Night in Birth II

Under Night foi a alternativa da desenvolvedora em criar algo original, misturando as influências principalmente de Melty Blood para criar um jogo de luta com uma temática e atmosfera noturna e dramática e com um gameplay rápido e frenético, UNI rapidamente ganhou os olhos dos entusiastas de jogos de luta.

Além de exclusiva dos arcades japoneses, essa versão era extremamente quebrada e cheia de problemas, então, após uma grande revisão, uma nova versão do jogo foi lançada, intitulada Under Night In-Birth Exe:Late, versão essa que recebeu um port para Playstation 3 em 2014 pela Arc System Works e em 2015 chegou ao ocidente pela Aksys Games.

Após isso houveram outras dois versões, Exe:Late[st] e Exe:Late[cl-r], que foi anunciada na EVO 2019 depois de muito esforço e dedicação que a comunidade teve para ver seu jogo representado no maior campeonato de jogos de luta do mundo. Exe:Late[cl-r] lançou no começo de 2020, e como todos podem imaginar o jogo morreu em muito pouco tempo devido a não ter um netcode bom o suficiente para aquele período, Granblue Fantasy Versus também sofreu o mesmo destino na época.

E agora, quatro anos depois, Under Night In-Birth está de volta com uma sequência recheada de mecânicas novas e o mais importante com um netcode que funciona muito bem, com o rollback que tinha sido introduzido em Melty Blood: Type Lumina, game antecessor a esse, no entanto, é importante observar a ausência de crossplay e problemas com o port de PC.

Mas, do que se trata Under Night In-Birth?

Under Night In-Birth II Sys:Celes não é dependente da história, e pode ser jogado sem nenhum conhecimento prévio sobre, afinal, o grande atrativo dele é o combate, porém jogando e pesquisando mais sobre, descobri que a narrativa dessa série é surpreendentemente muito interessante e engajante.

O grande conceito da série gira em torno de um evento misteriosos chamado de Hollow Night (não confundir com o indie), um fenômeno que acontece uma vez por mês a cada lua cheia, onde criaturas conhecidas como Voids vagam a fim de encontrar presas fáceis, e algumas pessoas despertam como In-Births, recebendo habilidades especiais através a energia supernatural “EXS”.

No universo de Under Night existem várias facções que operam dentro da Hollow Night, algumas tentam acabar com ela, enquanto outras tentam preservá-la, dentre elas temos a Night Blade, um grupo de assassinos formado há mais de 500 anos atrás, que foram ensinados sobre o poder da EXS pelo Hollow God e buscam proteger pessoas da Hollow Night.

Licht Kreis é uma outra organização que protege a ordem da Hollow Night, sendo um dos primeiros grupos formados com In-Births, de origem germânica a grupo utiliza de Executores para lidar com os fenômenos da Hollow Night e proteger as pessoas inocentes dos Voids.

Amnesia é a organização antagonista no primeiro jogo, sua líder Hilda tenta usar da Hollow Night para fins egoístas e ganhar mais poder visando se tornar uma Re-Birth, seres com um poder imensurável e comandar a Hollow Night.

Existem outras organizações, com cada uma delas possuindo diferentes ideias e filosofias que se aplicam muito bem na temática de cada uma, por exemplo Licht Kreis que visa a ordem tem seus Executores trajados em roupas eclesiásticas que visualmente representam muito bem a organização.

E nisso, vários conflitos entre essas organizações acontecem, gerando diversos cenários de batalha que se intercalam com o estilo do jogo. Em Sys:Celes uma nova ameaça aparece, Kuon um dos Re-Births de muitos anos atrás está de volta e busca destruir o mundo com o poder da Hollow Night, e enquanto Linne está desaparecida, o protagonista Hyde busca por ela e tenta impedir o vilão de seus planos maléficos e lidando com as outras organizações.

Conteúdo Single Player bem decepcionante

Infelizmente UNI 2 Sys:Celes não possui um modo história linear de começo, meio e fim, e sim uma história espalhada pelo modo Arcade de cada personagem, eu não sou um grande fã disso, preferiria um modo história similar ao de Tekken 8, por exemplo.

Tirando a narrativa, não há quase nada nada fora do habitual, temos modo arcade, Score attack, Time Attack, Survival e por aí vai, enquanto o jogo anterior tinha outras opções single player, esse não foi o foco em Sys:Celes aonde a desenvolvedora optou mais pelas melhorias técnicas deixando a história um pouco de lado.

UNI 2 brilha com um combate refinado e sofisticado

A French-Bread conseguiu melhorar em cima de algo que já era excelente do game anterior e adicionando novas mecânicas, qualidade de vida e muitas opções de acessibilidade fazem com que a gameplay em UNI 2 seja umas das que mais se destaca entre os jogos de luta.

O grande aspecto disso é o sistema de GRD que fica posicionado na parte inferior, entre as barras de especial. O GRD é uma mecânica bem única a série Under Night In-Birth, sendo um medidor que beneficia os dois jogadores dependendo de suas ações.

Então parte estratégica do combate de UNI é controlar ao máximo a barra de GRD ao seu favor, que se usada da maneira correta garante ataques únicos, aumenta o ataque ou defesa, isso também pode variar de personagem pra personagem, cada um recebe algo diferente e é isso dita o ritmo do combate e deixa ele tão dinâmico e divertido.

Fora isso, outras técnicas ofensivas e defensivas foram adicionadas ao botão de especial, além de novos golpes especiais usando A+B e entre outros, mas o núcleo do combate em si ainda permanece o mesmo das versões anteriores.

Personagens carismáticos e novas adições

O grande atrativo em relação ao combate são seus personagens, e Under Night tem uma vasta gama de personagens muito bem elaborados e únicos, cada um com suas peculiaridades e modos diferentes de se jogar, e o design deles refletem muito bem nisso.

O destaque dessa sequência vai para os três novos personagens jogáveis, Kaguya, Tsurugi e Kuon, além dos que estão por vir no season pass.

Kaguya é uma das executoras de Licht Kreis, Tsurugi é um dos membros das organização estudantil EFG, e Kuon o antigo membro da Night Blade e também o antagonista do jogo.

Um ótimo tutorial e grande acessibilidade

Vale mencionar também aqui o modo tutorial e missões dos personagens que, como eu mencionei antes, estão com várias melhorias de qualidade de vida e acessibilidade.

Destaco principalmente o modo missão e o combo trials, que são essenciais para todo jogador fazer pelo menos os iniciais, o jogo adapta muito bem te mostrando desde o básico e explicando condições de vitória, se você errar um botão isso fica marcado, e se você resetar não perde o progresso que fez no combo anterior e por aí vai.

Vários fighting games atuais como Street Fighter 6 e Tekken 8 tem trazido várias funções de acessibilidade e isso é sempre muito bom de se ver.

Vale destacar também o incrível modo de customização que o jogo oferece, a French-Bread sempre faz isso muito bem, mas ter tanto controle na hora de escolher as cores do seu personagem é sempre muito legal de se explorar e criar diferentes combinações.

Os estágios e sua incrível ambientação noturna

Queria trazer destaque também para um aspecto que eu particularmente considero muito importante em Under Night In-Birth que são os estágios e suas ambientações, como você já sabe, todo o jogo se passa de noite durante a Hollow Night e isso cria uma atmosfera incrível ao game.

Estágios que, por exemplo, são estacionamentos vazios, becos de rua, terraços abandonados, shoppings fechados, possuem todo esse aspecto de um ambiente urbano de madrugada, normalmente com uma iluminação de postes e luzes ambientes que dão uma estranha sensação de conforto que é difícil de explicar.

Melty Blood também faz isso muito bem, mas UNI expande ainda mais esse quesito, e esse honestamente é um dos grandes atrativos dessa série pra mim.

Under Night e suas trilhas memoráveis

Falando em atmosfera, não poderia deixar de mencionar a trilha sonora de Under Night In-Birth que é tão incrível e memorável que você vê ela ser usada em uns 90% de vídeos de Youtube da FGC por aí.

Mas falando sério, Raito, o compositor da série, é um gênio musical, desde suas clássicas composições em Melty Blood, para as músicas marcantes em UNI. A sequência conta com novas versões das trilhas e algumas novas, tirem um tempo para escutar a música da tela de seleção de personagens que ficou excelente.

 

Online e Rollback Netcode

Em relação ao online, era obrigatória a essa altura a inclusão de Rollback Netcode, que se tornou uma das partes mais importantes de qualquer fighting game atualmente e ele está bem implementado em UNI 2 Sys:Celes, na grande maioria das partidas jogando com pessoal fora do Brasil e não tive nenhum problema.

O problema mesmo é o jogo não ter crossplay entre as plataformas, isso é algo que vai machucar demais UNI 2 em seu ciclo, é compreensível isso não estar implementando visto o tamanho da French-Bread, até mesmo o próprio diretor do jogo, Kamone Serizawa, disse que por questões financeiras era inviável para a empresa no momento.

Uma outra coisa também que é quase inevitável em jogos de luta mais nichados como UNI, e isso também aconteceu com Melty Blood: Type Lumina, é que jogadores mais novos vão ter grande dificuldade em encontrar alguém do mesmo nível para jogar contra. Na grande maioria das vezes você vai cair contra um veterano da série e ele vai te amassar em segundos e isso pode ser uma experiência bem frustrante pra quem está começando. 

É realmente difícil achar pelo próprio matchmaking do jogo alguém para praticar (ainda mais sem crossplay), a alternativa pra isso ir atrás de um fórum/Discord da comunidade de UNI aonde você provavelmente vai achar alguém do seu nível pra jogar junto.

CONCLUSÃO | UNDER NIGHT IN-BIRTH II Sys:Celes

Under Night In-Birth II Sys:Celes é uma sequência que constrói ainda mais em cima da base que o original estabeleceu com sua dinâmica de luta e ritmo únicos e consegue trazer novidades interessantes para o gênero. 

Porém, lançando na mesma semana de Tekken 8 e com Granblue Fantasy Versus Rising ainda em alta, UNI 2 rapidamente caiu no esquecimento do público, sem nos problemas da versão de PC e a falta de crossplay, que machucaram demais essa versão, a impedindo de ser um fenômeno fora da comunidade.

Mas apesar de tudo, UNI 2 dá um passo muito importante pro futuro da série e da French-Bread, as melhorias visuais, acessibilidade e rollback netcode são muito bem vindas e com esse jogo anunciado na EVO 2024 vai ser interessante ver o que o futuro tem reservado para esse game. Tenho certeza que a comunidade vai continuar apoiando essa série de jogos de luta por muito tempo.

Nome do jogo:

UNDER NIGHT IN-BIRTH II [Sys:Celes]

Publisher:

Arc System Works

Desenvolvedora:

FRENCH-BREAD

Plataformas Disponívies:

PC, Playstation 4, Playstation 5, Nintendo Switch

Nota: 8

Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge